Teoria da Terra Oca e

Revisão da Invasão Ariana

 

A teoria da invasão Ariana tem sido a base e a justificativa da interpretação Ocidental para a civilização e história da Índia. Ainda que muitos estudiosos do hinduismo da Índia foram influenciados por esse tipo de pensamento, a teoria não obteve aceitação majoritária no país e está mesmo sob ataque cerrado no Ocidente. David Frawley, um erudito de sânscrito e reconhecido tanto dentro como fora da Índia, avaliou da seguinte forma a situação atual da teoria da invasão ariana:

 

“ Uma das tantas idéias utilizadas para interpretar - e geralmente desvalorizar - a história antiga da Índia tem sido a teoria da invasão ariana. Segundo essa consideração, por volta de  1500-100 AC, a Índia teria sido invadida e conquistada por tribos indo-europeias nômades de pele branca provenientes da Ásia Central, que conquistaram uma civilização Dravídica mais antiga e mais avançada de pele escura e de quem tomaram aquilo que mais tarde viria a se converter na cultura hindu... Esta idéia, completamente estranha à história da Índia, seja do Norte ou do Sul, converteu-se numa verdade quase inquestionável na interpretação da atual história antiga. Hoje, depois de terem sido refutadas quase todas as razões para sua suposta validade, até mesmo os principais acadêmicos Ocidentais estão finalmente pondo a idéia em dúvida.” ( David Frawley, “ The Myth of the Aryan Invasion” )

 

Uma das principais razões que pôs a teoria em dúvida é a inexistência de qualquer evidência primária. Nunca foram escavados monumentos a quaisquer heróis de tais invasões, nem foram apresentados cemitérios relacionados a ela, nem foram identificados campos de batalha que se relacionassem com a teoria, e nem fortalezas, ou em resumo, nada que se constituísse em alguma evidência física. Existem muitas outras incongruências, mas esta é a idéia geral.

 

A etimologia é uma das principais plataformas que serviu de base aos estudiosos Ocidentais na construção dessa teoria. Eles detectaram padrões linguísticos que abrangiam o Leste e o Oeste, e então, por mera implicação, identificaram uma área geográfica central que serviria de ponto de origem para a língua e a raça indo-europeia. Este ponto original, formado basicamente pelas regiões caucasianas e montanhosas da Pérsia, encontra-se, é claro, fora da Índia. Desse modo, a existência da raça ariana ao Norte da Índia é atribuída a uma invasão, e é essa a explicação que oferecem para a presença caucasiana na índia.

 

Também foi demonstrado que poucas das principais teorias jamais foram aceitas com base numa evidência tão indireta e frágil. Qualquer mente razoável procurará por outros motivos, ao notar que algo está sendo tão rigidamente imposto sobre uma base tão frágil. Mais uma vez, poderemos confiar na ampla compreensão de David Frawley: "É importante examinar as implicações políticas e  sociais que se encontram por trás da idéia da invasão Ariana:

 

Primeiro, serviu para dividir a Índia em uma cultura ariana do norte e outra dravídica do sul, sendo que ambas foram tornadas hostis entre si. Isso manteve os hindus divididos e, ainda hoje, é fonte de tensão social.

 

Segundo, concedeu aos ingleses uma desculpa para sua conquista da Índia. Eles podiam declarar estar repetindo o que os ancestrais arianos dos hindus teriam feito anteriormente a mais de um milênio.

 

Terceiro, serviu para tornar a cultura védica posterior e possivelmente derivada das culturas do Oriente Médio. Com sua proximidade e relacionamento com a Bíblia e o cristianismo, isso manteve a religião hindu como uma informação incidental e uma luz secundária em relação ao desenvolvimento da religião e da civilização ocidentais.

 

Quarto, permitiu dar às ciências da Índia uma base grega, desde que qualquer base védica havia sido amplamente desqualificada pela natureza primitiva da cultura védica.

 

Isso desacreditou não somente os 'Vedas' mas as genealogias dos 'Puranas' e suas longas listas de reis que precederam a Buddha ou a Krishna e que acabaram ficando sem qualquer base histórica. O Mahabharata, ao invés de tratar de uma guerra civil onde todos os principias reis da Índia participaram como descreve seu texto, converteu-se no confronto local de príncipes insignificantes, o que, mais tarde, foi exagerado por poetas.  Em resumo, a maioria das tradições hindus e quase que toda sua literatura antiga foi desacreditada. Suas escrituras e sábios foram convertidos em fantasias e exageros.

 

Isso serviu aos objetivos sociais, políticos e econômicos de dominação, concedendo superioridade à cultura e à religião ocidentais. Isso fez com que os hindus sentissem que sua cultura não era grande coisa, como teriam expressado seus sábios e ancestrais. Deixou os hindus envergonhados de sua cultura - já que sua base não seria nem histórica, nem científica. Os fez sentir que a principal linha de civilização havia sido desenvolvida no Oriente Médio e depois na Europa, e que a cultura da Índia era periférica e secundária ao verdadeiro desenvolvimento da cultura mundial.

 

Esse tipo de visão não se constitui em bom academismo nem boa arqueologia mas apenas em imperialismo cultural. Os estudiosos ocidentais dos Vedas fizeram na esfera intelectual o que o exército inglês fez no âmbito político, ou seja, desacreditar, dividir e conquistar os hindus.

 

Em resumo, as razões coercitivas para a teoria da invasão ariana não foram nem literárias nem arqueológicas mas políticas e religiosas -ou seja, nada teve de academismo mas foi apenas preconceito. Esse preconceito pode não ter sido intencional mas se assentou profundamente em visões políticas e religiosas que podem facilmente turvar e encobrir o nosso pensamento.”

 

Que tipo de impacto a concepção da Terra Oca exerce sobre a compreensão desta questão? O impacto pode ser encontrado em um dos melhores lugares para se esconder algo -bem abaixo de nossos narizes, nos próprios Puranas! Os Puranas nos contam que, ao final da era da Kali Yuga, a cultura védica é regenerada a partir do interior da Terra, depois que Kalki Avatar encerra o período da  Kali Yuga. Essa não é a única referência dos Puranas sobre a terra ser oca, mas aponta para a origem dos Arianos (a raça caucasiana) na superfície da Terra.

 

A raça caucasiana pode ser facilmente observada existindo no trecho que vai do Norte da Índia até a Escandinávia e à Europa Russa. O quão distante estaria esse povo a partir da costa do Ártico do lado siberiano e europeu da bacia polar até a abertura (ao interior da Terra) sugerida por vários pesquisadores da Terra Oca e que se localiza próxima ao Polo Norte logo acima das ilhas da Nova Sibéria? (Veja o oval no mapa do capítulo sete.) Apenas um pulinho, um salto e um pulo –nada mais do que umas poucas centenas de quilômetros. Assim, não seria difícil aos caucasianos e, é claro, a outras raças humanas, reintroduzir-se sobre a superfície do planeta a partir desta abertura, em particular ao final de cada Kali Yuga. Parece que isso não seria difícil em absoluto.

 

Além disso, o fato de que a raça caucasiana tem a pele tão branca no norte da Europa indica uma imigração do Norte para o Sul. É por essa razão que, tanto no Oriente Médio como na Índia, a raça tem uma pele clara. É mais fácil ir de uma pigmentação clara para uma escura, enquanto que fica difícil acreditar que os caucasianos de pele escura migraram para o Norte e foram clareados pelo sol até chegarem a ter cabelos louros e olhos azuis –os genes que produzem a pigmentação de pele clara e de olhos azuis são passivos. Portanto, podemos  assumir que os caucasianos não têm origem caucasiana mas, pelo contrário, que sua migração na superfície da Terra originou-se no Norte da Europa, na bacia ártica, a partir da abertura polar que leva ao interior oco da Terra.  

 

O leitor pode ter em mente que, no último milênio, essas áreas não eram tão frias como atualmente. Como prova disso, podemos notar que nas tumbas dos Vikings de há 1.000 anos abertas na Groenlândia foram encontradas raízes que na época penetraram as urnas funerárias. Hoje em dia, as tumbas repousam sob gelo permanente. Isso significa que, antigamente, existia vegetação na área e que o clima era diferente.

 

Além das duas grandes aberturas polares, ouvimos também a respeito da existência de túneis  que conectam a superfície do planeta à sua porção oca. Nicholas Roerich, por exemplo, em seu livro “Shamballa” , escreveu a respeito de suas viagens pelo Tibete na década de 20, quando andou pela Passagem de Karakorum nas montanhas Altai. Foram-lhe mostradas cavernas fechadas por grandes pedras roladas. Ele escreveu que teria passado por cima daquilo que parecia serem áreas ocas devido aos ecos dos cascos dos cavalos. Escreveu também a respeito de uma  lembrança recorrente da Terra oca nas mentes coletivas do povo do Tibete.

 

Portanto, o reaparecimento cíclico da civilização védica e da raça caucasiana poderia manifestar-se pelo menos a partir de dois pontos de vista que dimensionam a extensão da presença ariana em nossa Terra, do Norte para o Sul. A presença  caucasiana no Norte da Europa poderia ser explicada pela migração a partir da abertura polar, situada logo acima das novas ilhas Siberianas na bacia ártica, enquanto que as aberturas e túneis da região tibetana poderiam também ser responsáveis pela presença caucasiana, até mesmo descendo ao Sul até o subcontinente indiano.

 

Ninhuma migração caucasiana para a Índia indicaria necessariamente uma introdução da cultura védica. A inserção ariana em qualquer área dada, inclusive a Índia, poderia ter simplesmente reforçado uma cultura védica já existente  sem ter sido uma introdução da mesma. Não se trata realmente de uma mera questão de contabilizar a presença ariana no sub-continente indiano. Pelo contrário, trata-se de contabilizar a presença humana na superfície do planeta  ao final de cada chatur yuga, e a teoria da Terra oca explica isso admiravelmente em conjunto com o aparecimento de Kalki Avatar e a regeneração da população da superfície a partir de Shambhalla e a Terra oca.

 

A teoria da Terra oca certamente fortalece a descrição purânica de um repovoamento cíclico da superfície de nosso planeta a partir do  madhyatah, a porção oca, que inclui a sua cidade principal de Shambhalla, e sugere que o que aconteceu no passado virá um dia se tornar o prólogo.

 

Desta forma, a teoria da Terra oca oferece uma alternativa intrigante para as interpretações anteriores da presença caucasiana na Índia, de outro modo conhecida como a Teoria da Invasão Ariana.

 

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