CAPÍTULO DOZE

Os Asterismos


Junto com os signos do zodíaco, nos levamos em consideração uma faixa simultânea de asterismos. Estes também sâo chamados e conhecidos como constelações, estrelas, mansões lunares e Nakshatras, em sânscrito. Na maioria das vezes, porém, são chamados de estrelas, e são em numero de 27.

O leitor poderá notar o fato de que estas estrelas são classificadas por sexo, como masculinas, femininas e hermafroditas. Outra classificação pela qual elas passam é em termos de suas naturezas: deva ganam (divina), manushya ganam (humana) e rackshasa ganam (materialista ou demoníaca). Como sempre, devem-se evitar as conclusões exageradas e apressadas. Por exemplo, a estrela Aridra, que tem traços ríspidos. Especificamente, Aridra é uma estrela muito crítica. Se ela for ocupada pela Lua, entretanto, pode simplesmente indicar que o nativo é capaz de ter pensamentos críticos. Se o nativo for um engenheiro ou algo semelhante, esta dimensão de pensamento é importante para o seu trabalho. Mas a personalidade global e a natureza de uma pessoa são indicadas por muito mais do que apenas o asterismo lunar. Portanto, nada de conclusões apressadas.

Vamos mencionar aqui o venerável clássico "Brihat Samhita", de Viraha Mihir, para ancorar nossa compreensão acerca dos asterismos. Viraha Mihir é o mesmo autor do "Brihat Jataka", que já expusemos bastante, anteriormente, e que é uma das literaturas astrológicas de primeira linha da Índia.

1 - O primeiro dos asterismos é Ashvini. Seu nome vem dos seus devatas, os Senhores Ashvini. No sexto canto do "Shrimad Bhagavatam", capítulo seis e verso 42, o autor afirma que estes devatas são os filhos gêmeos do deus Sol, Vivashvan, e sua esposa Samjña. O capítulo nove, verso 52, afirma que eles foram instruídos nas ciências espirituais pelo Dadichi Muni e que, depois de receberem esta educação, se tornaram Jivan Muktas, ou almas liberadas. Assim, é muito natural que a ganam ou a qualidade desta estrela seja divina, ou Deva Ganam. Talvez seja por esta razão que o "Brihat Samhita" (tradução por Rama Krishna Bhat, capítulo 51) descreva estas qualidades do nativo de Ashvini como "pessoa que gosta de enfeites, de aparência adorável, atraente, eficiente e inteligente". O capítulo 15 diz que Ashvini rege "criadores de cavalos, comandantes, médicos, atendentes, cavalos, cavaleiros, comerciantes, pessoas lindas e cavalariços".

O símbolo desta estrela é a cabeça de um cavalo, que se caracteriza pelo resfôlego típico que os cavalos fazem, bufando. Este símbolo e sua característica são instrutivos, pois Ashvini indica, através deles, a exalação, a inalação, o sopro e um novo infício. Seu tema principal é o "início". Isso tudo é muito coerente, uma vez que este é o primeiro asterismo do zodíaco e não leva consigo nenhum padrão já existente. A exalação é caracterizada pelo resfôlego do cavalo, a respiração anterior não sendo levada em consideração. Noutras palavras, um novo começo e indicado aqui, não necessariamente condicionado pelo passado.

Numa interpretação menos esotérica, os cavalos, viagens e transportes se relacionam com Ashvini, assim como comerciantes de cavalos e cavaleiros. Os Senhores Ashvini são médicos celestiais que teriam devolvido a juventude ao ancião Cyavanna Muni. Portanto, os médicos, curadores e até mesmo os cirurgiões têm relação com Ashvini.

2 - O segundo asterismo é Bharani. Seu símbolo é o ventre e seu devata é Yama, o deus da morte e dos castigos. Na verdade, no mesmo verso do "Bhagavatam" mencionado (6.6.42), é dito que Yama também é filho de Vivashvan e Sanjna. Naturalmente, os temas ligados a Bharani são a restrição, o eclipse, o encobrimento da visão, a sujeição e a supressão.

A nutrição, a criação e o apoio também pertencem a Bharani, no que se refere a responsabilidade e ao pagamento dos salários de um subordinado. Esta é uma estrela feminina de natureza humana, que não da ao nativo disposição divina nem demoníaca (que seria a rakshasa ganam). Isto é muito pouco corroborado na descrição que o "Brihat Samhita" (capítulo 15) faz desta estrela: "Aqueles que se alimentam com sangue e carne, homens cruéis, aqueles que matam, prendem e batem nos outros, os celerados, e aqueles que não tem caráter nem dignidade".

Talvez uma perspectiva esotérica possa justificar o fato de Bharani ser uma estrela manushya e ter tantas qualidades negativas atribuídas a ela. Acontece que é por meio de castigos severos, como os que seu devata Yama aplica, que a criança humana pode se reformar. Assim, embora Bharani seja tão severa, sua severidade objetiva um bom propósito. Esta lógica também se justifica quando concluímos que a esfera terrena contém um pouco do céu e do inferno, daí a classificação manushya ou humana.

3 - Kritika é uma estrela masculina de natureza rakshasa ou demoníaca. É uma estrela de fogo e seu devata é Agni, o próprio deus do Fogo. Seu símbolo é uma espada ou um machado afiado. Kritika era a madrasta de Kartika, o comandante-chefe dos semi-deuses. É obvio, por tudo que se relaciona com esta estrela, que Kritika é bastante rigorosa. É uma estrela competitiva, ligada em coisas como a raiva, a luta, a ação e os cortes.

Como devata, Agni sugere dinamismo, energia e ambição.

O fato da adoção estar relacionada com esta estrela sugere uma natureza protetora e maternal. Daí que madrastas, babás, pais adotivos, enfermeiras e o conceito de defesa fiquem sob sua égide.

Pelo esquema Vimshottari, o Sol corresponde a Kritika. Talvez seja por isso que as qualidades como orgulho, dignidade, honra e ambição se associem a ela.

As profissões indicadas por Kritika são as de policial, soldado, engenheiro, fabricante e químico.

De acordo com o capítulo 15 do "Brihat Samhita", Kritika rege "flores brancas, os brâmanes que alimentam e adoram o fogo sagrado diariamente, as pessoas que conhecem os hinos sagrados, os gramáticos, mineiros, barbeiros, oleiros, sacerdotes e astrólogos". Como está dito no capítulo 51, quando uma pessoa nasce sob os auspícios desta estrela tem as seguintes tendências: "glutão, inteligente e viciado nas esposas dos outros".

4 - Rohini é a estrela favorita da Lua, e é famosa como a estrela sob a qual Sri Krishna nasceu. Segundo o tema lunar de Rohini, o crescente e o minguante correspondem a ela. Esta é, na verdade, a natureza da plataforma mental indicada pela Lua; o sopro quente e frio. No capítulo seis do "Bhagavad-Gita", versos 25 e 26, Sri Krishna descreve a mente como cañchala (instável) e opina que as pessoas deveriam se deixar guiar pela inteligência racional. A conexão Rohini-Lua também sugere sensualidade, crescimento, desenvolvimento, nascimento, brotos de vegetais e gado, especialmente vacas. Assim, a nutrição e a natureza desta estrela, cujo outro nome e Surabi, em referencia a uma vaca celestial.

Partindo do símbolo do carro, todos os tipos de veículos e transportes são indicados por Rohini.

A natureza celestial, amante dos confortos, definitivamente combina com sua qualidade manushya ou humana.

O "Brihat Samhita", no capítulo 15, diz que: "Rohini rege o seguinte: cumpridores de votos e promessas, comerciantes, reis, pessoas ricas, yoguis, charreteiros, vacas, touros, animais aquáticos, maridos, montanhas e homens de autoridade".

O capítulo 51 da mesma obra declara: "A pessoa nascida em Rohini será sincera, pura, de fala doce, mentalmente estável e de aparência adorável". Sabe-se que Rohini produz formas arredondadas nos nativos. O devata de Rohini é Brahma.

5 - Mrigashira indica os buscadores. Na verdade, o símbolo de Mrigashira é um veado, e o jeito típico dos veados de virar a cabeça e olhar para os lados corresponde a Mrigashira. Sua natureza é inquisitiva, da mesma forma que a pesquisa, a auditoria, a perseguição e a investigação. Outros traços típicos de Mrigashira são a mente instável e sempre correndo para lá e para cá. Por isso, atualmente, os choferes de táxi têm sua correspondência em Mrigashira, por causa da simples natureza do seu trabalho; choferes de táxi têm que entrar e sair do trânsito a fim de pegar e largar passageiros.

A devata de Mrigashira é a Lua. Esta estrela é hermafrodita e deva ganam ou de natureza divina. Portanto, as qualidades que ela comunica aos seus nativos são: ternura, paz, apego à mãe e feminilidade.

Como o capítulo 15 do "Brihat Samhita" diz "a constelação Mrigashira representa o seguinte: artigos perfumados, roupas, produtos aquáticos, flores e frutos, pedras preciosas, pessoas que moram na floresta, pássaros, feras, aqueles que tomam o suco de soma, músicos, amantes e carteiros".

O capítulo 51 diz: "A pessoa que nasce sob a influência da estrela Mrigashira se torna inconstante, esperta, tímida, eloquente, esforçãda, rica e ligada nos prazeres sensuais".

6 - Aridra significa "a lágrima". Este nome faz referência ao sofrimento e à crueldade provocada por esta estrela. A idéia de ranger os dentes, bater e oprimir é indicada por Aridra. Da mesma maneira, a prensa que esmaga as sementes para fazer óleo.

Em geral, o elemento de Aridra torna o nativo debochado, arteiro, insolente, orgulhoso e ingrato.

O devata de Aridra é Rudra, que é a forma que Shiva tomou quando soube que sua primeira esposa, Sati, tinha se suicidado no fogo, depois de ter sido humilhada por seu pai. Portanto, uma forma terrificante, vingativa. Vista por este lado, esta não é uma boa estrela sob cujos auspícios as pessoas devam se casar.

O "Brihat Samhita" descreve bem o resultado de se nascer em Aridra: "Assassinos, carrascos, caçadores de animais, mentirosos, adúlteros, ladrões, embusteiros, criadores de discórdia, celerados, pessoas cruéis, feiticeiros, encantadores e os bem versados na arte de contatar os elementais - todos estes são regidos pela estrela Aridra" (capítulo 15).

O capítulo 51 diz que "o asterismo Aridra torna o nativo pérfido, insolente, ingrato, cruel e pecador".

7 - Purnavasu é uma estrela masculina de natureza divina. Isso faz sentido, já que sua devata é Aditi, a mãe dos deuses. Assim, sua influência é religiosa, feliz e correta.

O traço principal desta estrela é a renovação, repetição, recorrência e restauração. Daí que a reencarnação e a purificação correspondam a Purnavasu, uma vez que a personalidade da pessoa se renova e refaz através da purificação. As mudançãs e remodelações também correspondem a Purnavasu, da mesma forma que os recomeços.

E uma vez que esta estrela tem a ver com mudanças, os conceitos de flexibilidade e mobilidade também lhe pertencem. Ela já foi descrita como uma estrela que ama a liberdade, logo seus nativos não conseguem ficar presos a nada.

O "Brihat Samhita" (capítulo 15) diz o seguinte: "Sob os auspícios de Purnavasu estão os sinceros, os generosos, os nascidos em berço de ouro, os bonitos, os inteligentes, os famosos, os ricos, as melhores variedades de cereais, os comerciantes, os servirçais e os artistas".

O capítulo 51 nos diz que "aquele que nasce em Purnavasu terá autocontrole, será feliz, de bom caráter, lerdo, indisposto, com muita sede e facilmente satisfeito".

8 - A próxima estrela é Pushyami, também conhecida simplesmente como Pushya. O devata de Pushya é Brihaspati, o mestre espiritual dos semideuses. Daí que a idéia de ser um assessor ou um professor está relacionada com Pushyami, assim como as professões de assessoramento e aconselhamento. O fato de Brihaspati ser seu devata nos diz que os carmas de sacerdotes e professores também são indicados por Pushyami. Esta é uma estrela pensativa e religiosa.

O símbolo desta estrela é o úbere de uma vaca. Daí sua natureza ligada à nutrição e a produção. As idéias-chave relacionadas a Pushyami são o florescimento e os brotos. Na verdade, o melhor de todas as coisas é representado por Pushya, que é considerada a melhor das 27 estrelas.

Como se pode bem imaginar, a ganam (qualidade) de Pushya é divina. Portanto, são indicações suas a virtude, a sabedoria, o conhecimento e uma mente tranquila.

Viraha Mihir menciona no capítulo 15 do seu "Brihat Samhita" que: "Sob os auspícios de Pushya estão a cevada, o trigo, o arroz, a cana-de-açúcar, as florestas, ministros, reis... homens virtuosos e os que fazem sacrifícios grandes e pequenos".

No capítulo 51, ele diz: "O nativo da estrela Pushya possuirá mente tranquila, traços amigáveis, conhecimento, riqueza e executa atos meritórios".

9 - Ashlesha é o nono asterismo. É uma estrela feminina de qualidade rakshasa, ou demoníaca. Sua devata é Sarpa, o deus serpente, e seu símbolo é uma cobra enrolada. Ashlesha é uma estrela réptil. A penetração, representada pelo olhar da cobra, é um dos seus temas. Como exemplo, já se observou que num mapa, onde o Sol e o Ascendente ocupam este asterismo, o nativo faz contato com as outras pessoas pelo olhar, mirando-as com curiosidade e sangue-frio. As pessoas de Ashlesha são cruelmente introspectivas e não se enganam com racionalizações.

Assim como a serpente se enrola, a personalidade de Ashlesha faz o mesmo, enroscando-se, abraçando e envolvendo os outros. Nos argumentos, estas personalidades chegam até a oferecer algum tipo de argumento externo, enquanto aparentemente se retiram para, num impulso repentino, ferir o outro. Devemos nos lembrar como as cobras se voltam para trás, antes de avançar e dar o bote. A personalidade Ashlesha é muito astuta.

Outros traços de répteis da personalidade Ashlesha são os segredos e a privacidade. Sagaz como uma cobra, o elemento Ashlesha é enganoso e manhoso.

Uma vez que a ganam (qualidade) de Ashlesha é rakshasa (demoníaca), não é surpresa nenhuma que sua natureza tenha a tendência para atormentar, ferir e agredir. A dor do veneno está lá, na mordida da cobra. A disposição mental da pessoa de Ashlesha pode ser tão sem tato e grosseira quanto anti-social.

A descrição dos indivíduos de Ashlesha no "Brihat Samhita" não é lisonjeira: "O asterismo Ashlesha torna o nativo pouco sincero, inclinado a comer tudo que veja à sua frente, pecador, ingrato e enganoso" (capítulo 51).

O capítulo 15 menciona algumas correspondências interessantes: "Ashlesha rege as coisas artificiais, os bulbos, raízes, frutos, insetos, répteis, venenos, ladrões, cereais e todos os tipos de médicos".

10 - Makha começa junto com o signo de Leão. É uma estrela feminina de natureza rakshasa (demoníaca). Makha pode ser um asterismo tão severo quanto as nuvens (makha significa nuvens), e as nuvens sabem se impor e são graves. Guardam grandes potenciais elétricos. Os relâmpagos liberam a energia das bombas atômicas. E o urro dos trovões amedronta a todos!

As nuvens também indicam a natureza de Makha de outras formas. Por exemplo, elas derramam água nos oceanos e na terra seca para os agricultores que dela necessitam, da mesma maneira que um homem rico distribui caridade a todos, sem se importar com as qualificações das pessoas às quais beneficia. Os suva karmas, ou atos altruístas, são atribuídos a Makha.

O símbolo de Makha é a sala do trono, e esta estrela dá um certo ar real aos seus nativos. Na verdade, o Sol está na sua disposição mais majestosa e imperial, combinado com Makha, que também concede qualidades como dignidade, honra, majestade e liderança. Seus nativos são muitas vezes pessoas conservadoras que carregam a tradição de suas famílias. Talvez seja por isso que Pitrigana (o semideus dos antepassados da pessoa) seja o seu devata. Esta é a razão por que as pessoas de Makha respeitam os mais velhos.

O "Brihat Samhita" opina que "são regidos por Makha: pessoas ricas de ouro e milho, de grãos, montanheses, os que reverenciam os pais e os antepassados, comerciantes, seres carnívoros e que odeiam as mulheres" (capítulo 15).

O capítulo 51 nos diz que "a pessoa que nasce sob os auspícios da estrela Makha será muito rica e terá muitos criados, gozará de muitos prazeres, adorará os deuses e os antepassados, e será muito trabalhadora".

11 - Purvafalguni é uma estrela feminina de natureza humana (manushya). Seu símbolo é uma rede balouçante e seu devata é Bhaga, o dispensador da fortuna.

Purvafalguni significa "o fruto da árvore", que descreve adequadamente esta estrela, uma vez que são características suas o ato de frutificar, de partilhar a fortuna, de promover o bem-estar e lidar docemente com os outros.

O "Brihat Samhita", no capítulo 15, opina que "atores, mulheres jovens, pessoas amigáveis, músicos, artistas, os utensílios domésticos, o sal, algodão, mel, óleo e os meninos são todos regidos por Purvafalguni".

E o capítulo 51 afirma que "a estrela Purvafalguni torna o nativo muito doce ao falar, liberal nos atos, brilhante na aparência, que gosta de caminhar eée um servente do rei".

12 - Uttarafalguni se refere, literalmente, ao "fruto mais alto da árvore", mas normalmente é traduzido como "a figueira". E parecida com Purvafalguni no que diz respeito à natureza doce e próspera, além do que ambas são estrelas femininas. A diferença principal é que as qualidades como patrocínio, gentileza, generosidade e uma certa avidez para ajudar os outros são mais pronunciadas nesta estrela que na outra. Uttarafalguni também sugere curar e dar alívio.

O capítulo 15 do "Brihat Samhita" fala muito bem de Uttarafalguni: "A estrela Uttarafalguni indica pessoas de coração terno, de conduta pura, pessoas heréticas, caridosas, que têm conhecimentos. Além disso, grãos finos, homens ricos e os que reverenciam seus deveres e reis".

O capítulo 51 é igualmente lisonjeiro: "A pessoa nascida na estrela Uttarafalguni será muito popular, ganhará dinheiro com seus conhecimentos, será voluptuosa e feliz".

O símbolo desta estrela é uma cama, seu devata é Aryama e sua qualidade é humana.

13 - Hasta é uma estrela de natureza divina cujo devata é Ravi e cujo símbolo é um punho fechado. Tanto seu devata quanto o símbolo sugerem um desejo de controlar. Os atos de comandar e permitir, ou conceder, são regidos por Hasta. Destreza e habilidades manuais são indicadas por esta estrela, da mesma forma que os truques de mágica. Sob condições negativas, Hasta manifesta a tendência para roubar, bater carteiras e pequenos furtos.

O que diz o "Brihat Samhita" deste asterismo? "Hasta rege os ladrões, os elefantes e seus dirigentes, os que viajam em carruagens, os artesãos, utensílios domésticos, cereais, os conhecedores dos Vedas e os peritos em qualquer coisa" (capítulo 15).

O capítulo 51 diz que "a estrela Hasta torna seu nativo trabalhador, imprudente, com gosto pela bebida, impiedoso e ladrão".

14 - Chitra significa "a linda". Não admira que seu símbolo seja uma jóia brilhante. A idéia é a de um lindo objeto, como uma bonita pintura, que prende o olhar.

O devata de Chitra é Vishvakarma, o arquiteto e artesão celestial. Por isso, esta estrela sugere um talento para a organização de programas e para colocar as coisas em sequência ou ordem. A parte de Chitra que fica em Virgem pode ter mais a ver com artesanato, construção, coisas reunidas, linhas reunidas, engenharia, planejamento urbano, escrita e contabilidade, códigos e programas de computador. Os outros 3/4 da estrela, que ficam em Libra, se relacionam mais com música e arte.

O capitulo 15 do "Brihat Samhita" confirma estes conceitos dizendo: "Chitra rege as pessoas habeis na confecgao de enfeites, perfumes, j6ias (ou avaliadores de j6ias), de tintas (ou pintores), os escritores, cantores e matematicos; tecel6es, cirurgi6es de olhos e milho do rei".

O capítulo 51 diz que, "sob o asterismo Chitra, o nativo possui lindos olhos e pernas, e usa roupas coloridas e guirlandas de flores".

Esta é uma estrela feminina, de natureza rakshasa (demoníaca).

15 - Swati é uma estrela de natureza divina e feminina. Muitos padres nascem em Swati, que significa "a espada". A idéia é que as pessoas nascidas sob este asterismo podem cortar seus apegos materiais.

O símbolo é um broto balançando ao vento, e o devata de Swati é Vayu, a divindade mais importante do ar. O espírito autônomo de voar livre e ser capaz de ir e vir, sem limites, é regido por Swati, assim como os pernas ou os ares vitais.

Note que o "Brihat Samhita" (capítulo 15) menciona pássaros em relação a este asterismo aéreo. "Sob a jurisdição de Swati estão os pássaros, as feras, cavalos, comerciantes, os grãos que produzem ares (como o grão de Bengala), amigos instáveis, gênios nervosos, os ascetas e os conhecedores de porcelana".

O capitulo 51 afirma que "a estrela Swati torna o nativo autocontrolado, hábil nos negócios, de coração terno, virtuoso e de fala agradável".

16 - Vishaka é conhecida como "a estrela do propósito". Ela invoca a idéia de se alcançar um resultado através da autodisciplina e da mente intensamente enfocada num alvo, afastando as considerações supérfluas. De qualquer forma, as pessoas de Vishaka têm a habilidade de dirigir seus esforços para alcançar o sucesso.

A idéia de obter resultados materiais através da devoção e sugerida por Vishaka, assim como a adulação para obtenção de favores. É interessante notar que Vishaka é uma estrela de qualidade rakshasa (demoníaca ou materialista). Isso deve justificar a disposição mental pragmática e ligada às vantagens que seus nativos têm. A habilidade de tratar os outros com docura pode ser interpretada pela natureza feminina da estrela. Seu símbolo é um portal enfeitado com folhas. Seu devata é Shatragni.

O "Brihat Samhita" (capítulo 15) diz: "Vishaka rege árvores que dão frutos e flores vermelhos, o sésamo, grãos verdes e pretos, o grão de Bengala, algodão e homens devotados a índra e Agni".

O capítulo 51 nos diz que "a pessoa nascida em Vishaka se torna ciumenta, raivosa e com gosto pelas discussões, mas tem uma aparência brilhante e fala com inteligência".

17 - Anuradha é uma estrela parecida corn Vishaka, pois é uma estrela de propósito. Uma diferença, porém, é que Anuradha indica uma natureza mais afetuosa e expressiva. Além disso, ela também rege causas comuns, alianças e camaradagem. O traço mais positivo de Vishaka pode ser explicado pela sua deva ganam, ou natureza divina. Esta é a razão por que Anuradha e amorosa e piedosa.

Seu devata é Mitra (um dos filhos de Aditi), a quem são atribuídas as amizades, as trocas e as habilidades organizacionais. "Anuradha rege os homens de coragem, cabeças de corporações, amigos dos virtuosos, amantes de reuniões, os turistas, todas as pessoas honestas do mundo é todas as coisas que crescem no outono" (capítulo 15, "Brihat Samhita").

O capítulo 51 afirma: "A pessoa nascida em Anuradha se toma muito rica, reside no estrangeiro, não passa fome e vai de um lugar a outro".

18 - Um atributo de Jyeshtha é ser simplesmente a mais importante, a última. Este asterismo dá talento executivo. Seu devata é Indra, que é, certamente, o chefe-executivo dos semideuses. A maturidade é indicada por Jyeshtha: por exemplo, o irmão mais velho do nativo geralmente corresponde a Jyeshtha. Na antiguidade, o irmão mais velho era o herdeiro e o líder da família.

Jyeshtha é uma estrela masculina de natureza rakshasa (rude, materialista). Portanto, um certo elemento abrupto e ousado é atribuído a ela. A tendência de Jyeshtha é não voltar atrás.

A natureza forte de Jyeshtha é descrita no "Brihat Samhita" (capítulo 15): "A Jyeshtha pertencem os grandes heróis das batalhas, aqueles conhecidos pelo valor, pela riqueza e fama; ladrões e reis conquistadores, além de comandantes".

O capítulo 51 confirma: "Aquele que nasce em Jyeshtha não tem muitos amigos, mas será satisfeito, interessado em atos meritórios e extremamente irritável".

19 - O asterismo Moola é simbolizado por um feixe de raízes amarradas juntas. Este símbolo se relaciona com penetração, até mesmo penetração na "raiz" das coisas. Começos, fundações e apoios são também sugeridos por este símbolo de uma raiz. Além disso, restrições e limites, até mesmo ao ponto de não se poder pagar emprestimos, são sugeridos pelo fato das raízes estarem amarradas juntas.

J. N. Bhasin, em "Astrology in the Vedas", cita o setimo sookta, 19°- khanda do Atharva Veda, ao definir Moola como uma estrela perigosa. Talvez isso seja reforçado pelo fato de sua ganam ser rakshasa (demoníaca).

Moola é hermafrodita e seu devata é Niriti.

Os comentários do "Brihat Samhita", embora curtos, são cheios de significação, como sempre. O capítulo 51 diz: "Sob Moola o nativo se torna orgulhoso, rico, feliz, de natureza gentil e mente firme, cercado de luxo".

O capítulo 15 menciona que os remédios e os médicos são indicações de Moola, o que faz sentido, pois muitas raízes são medicinais: "Moola rege os remédios, médicos, líderes de grupos, os que lidam ou negociam com flores, raízes e frutos, pessoas extremamente ricas e as que só se alimentam de raízes e frutos".

20 - Purvashada significa "o invencível" e sugere um estado autônomo no qual a pessoa faz o que quer. Esta estrela é feminina e também rege as qualidades de sobrevida e prevalência.

O símbolo de Purvashada eé um abanador ou leque, e o significado deste símbolo já foi interpretado da seguinte maneira: como o leque espalha ar ao seu redor, o nome ou fama do nativo também se espalha. O devata de Purvashada é Toya, que se relaciona com a água, na literatura Védica. Isso reforça a idéia de divulgação da fama da pessoa.

O capítulo 51 do "Brihat Samhita" diz: "A pessoa nascida em Purvashada terá uma esposa amiga e alegre, será orgulhosa e estável nas suas amizades".

O capítulo 15 menciona: "Purvashada rege as pessoas que têm o coração terno, os navegantes, pescadores, animais aquáticos, os sinceros, puros e ricos, os construtores de pontes, os que vivem da água, de flores aquáticas e frutos".

21 - Uttarashada é chamada "o ser universal" e, neste aspecto, tem alguma semelhança com Purvashada. Entretanto, enquanto Purvashada se espalha exteriormente, Uttarashada é mais onipresente e permeia internamente. Esta natureza espalhadora é indicada pelo devata de Uttarashada, conhecido como Ganadevata, embora este título compreenda dez diferentes deuses, os Vishvadevas. Daí a onipresença. O símbolo de Uttarashada é um dente de elefante e esta é uma estrela feminina.

O "Brihat Samhita" a identifica como uma estrela positiva. O capítulo 51 diz o seguinte: "O nascimento em Uttarashada torna o nativo modesto, virtuoso, com muitos amigos, grato e atraente". E o capítulo 15 continua: "Os guias de elefantes, lutadores, elefantes, cavalos, devotos de deus, coisas imóveis como arvores, guerreiros, pessoas que gostam de prazeres e homens corajosos - tudo isso é regido por Uttarashada".

22 - Shravan significa ouvir. Está relacionada com à deusa Saraswati e, portanto, a escolaridade, a natureza intelectual, a comunicação, linguagem e novidades ficam sob sua égide.

O devata de Shravan é Vishnu e seu símbolo são três pegadas. Isso, obviamente, faz referencia ao avatar Vamanadev, que atravessou os mundos material e espiritual com apenas dois passos, colocando o terceiro sobre a cabeça do seu devoto puro Bali Maharaj. Daí a natureza divina desta estrela.

O "Brihat Samhita" esclarece um pouco acerca desta natureza divina, dizendo: "A pessoa que nasce no asterismo Shravan se torna culta, tem uma esposa generosa e ganha riqueza e fama" (capitulo 51).

"Os malabaristas pertencem a Shravan, assim como os sempre ativos, os eficientes, os enérgicos, os corretos, os devotos de Sri Vishnu e os sinceros" (capítulo 15). Sem dúvida, deva ganam (natureza divina)!

23 - Dhanishta é conhecida como a estrela da sinfonia. Seu símbolo é um tambor. Ela concede talento musical e as melodias e as canções correspondem a mesma.

A habilidade de unir os outras também é atribuída a Dhanishta. Devido ao temperamento real desta estrela, entretanto, isso pode ser feito de forma ríspida ou pela força. Afinal, é uma estrela de natureza rakshasa (demoníaca), que da ao nativo um ponto de vista materialista.

Vida conjugal adiada ou infeliz, diferenças temperamentais e impotência sexual são indicadas por este asterismo.

O "Brihat Samhita" confirma a idiossincrasia, no meio desta estrofe do capítulo 15, dizendo: "Dhanishta rege o seguinte: homens sem orgulho, eunucos, amigos rápidos, homens odiados pelas mulheres, pessoas caridosas, os muito ricos e pessoas pacíficas (ou auto-controladas)".

24 - Satabhish se traduz por "cem medicos". Suas principais indicações são a cura, os curadores e os remedios.

Ela também é conhecida como a estrela velada. As pessoas quietas, as coisas ocultas, obstruções e limites são outras qualidades que ela rege.

Seu devata é Varuna, o deus dos oceanos e dos rios, de forma que rezar para a chuva também lhe é atribuído.

Satabhish é uma estrela de natureza rakshasa (materialista) e hermafrodita, e isso é mencionado no "Brihat Samhita". Sua natureza negativa e restritiva é confirmada logo nas primeiras duas indicações, senão na descrição inteira. "O seguinte é atribuído à estrela Satabhish: os traidores, os ardilosos, produtos aquáticos, negociantes de peixes, caçadores em barcos, lavadores, destiladores e caçadores de aves" (capítulo 15).

O capítulo 51 nos diz que "a pessoa nascida em Satabhish fala com clareza (ou franqueza), mas é infeliz (ou tem algum vício), conquista seus inimigos, é atrevida e difícil de ser vencida".

25 - Purvabhadra é uma estrela masculina simbolizada por um rosto duplo, e significa "o par em chamas". Seu símbolo é Rudra, uma forma destrutiva de Sri Shiva. Queimar, punir, castrar e torrar são atributos-chave desta estrela. Sua natureza é cruel, seca é quente. Uma mente instável e altiva, sujeita a ódios súbitos, e característica deste asterismo.

Estes traços são óbvios nos comentários do "Brihat Samhita": "Purvabhadra rege os ladrões, os covardes, os assassinos, os avaros e mesquinhos, os que se dedicam a patifarias e a enganar os outros, os sem virtudes nem religião, e os espertos nas lutas corpo-a-corpo" (capítulo 15).

"O nascido na estrela Purvabhadra será severo com o cônjuge, infeliz, rico e esperto, mas um miserável" (capitulo 51).

26 - Uttarabhadra também pode ser traduzida como "o par em chamas" e seu devata também é Rudra, como em Purvabhadra. O fogo é o ódio também tem a ver com esta estrela, só que aqui, existe a habilidade de perseverar e controlar a raiva.

A forma específica de Rudra que é o devata de Uttarabhadra é Abhibadhnu que, etimologicamente, faz menção a morte da ilusão e ao alcance do plano espiritual. Portanto, viagens, a idéia de renuncia, deixando tudo para trás, e as caminhadas correspondem a Uttarabhadra.

Esta é uma estrela masculina de qualidades humanas (manushya ganam).

E o que o "Brihat Samhita" diz de Utarabadra? "Os brâmanes, os que fazem sacrifícios, caridade e penitências, as pessoas muito ricas, os reclusos, os heréticos, os monarcas, grãus valiosos - tudo isso é regido por Uttarabhadra" (capítulo 15). O capítulo 51 descreve que "A pessoa nascida no asterismo Uttarabhadra será uma boa oradora, será feliz, abençoada com filhos, virtuosa e vencerá seus inimigos.

27 - Revati e o ultimo dos 27 asterismos, cujo fim coincide com os ultimos graus de Peixes. O termino e a ultima das coisas correspondem a esta estrela, da mesma forma que o tempo, já que seu símbolo é um tambor usado para bater o tempo. Afinal, o tempo sempre leva ao fim, de forma que os dois estao relacionados e sao ate sin6mmos, em Revati.

O devata de Revati é Pushan, um deus caracterizado poi guardar, proteger e encontrar os perdidos. Daí que a adoção, o apadrinhamento, o apoio, a nutriçãdo, a criação e o pasto correspondem a Revati.

Esta é uma estrela deva ganam (de natureza divina), masculina e religiosa, daí que a prosperidade e o progresso também correspondem a ela. Na verdade, Revati significa riqueza.

Vamos dar uma olhada final nos capítulos 15 e 51 do "Brihat Samhita", respectivamente: "Revati rege produtos aquáticos, assim como frutas e flores, sal, pedras preciosas, conchas marinhas, pérolas, lótus, perfumes, comerciantes, marinheiros e timoneiros". O capítulo 51 diz: "A estrela Revati da ao nativo um corpo simétrico, atraente, heróico, puro e rico".

Assim, finalizamos nossa descrição dos 27 asterismos, com a ajuda do "Brihat Samhita" de Viraha Mihir. O leitor deverá se lembrar que a posição da Lua e do Ascendente nas estrelas indicará o caráter de qualquer individuo nascido sob suas influências. E qualquer planeta, durante seu período, também exibira as qualidades da estrela sob a qual está, no mapa, em alto grau.

Use o seu Browser para voltar ao índice