CAPÍTULO SETE

 

Indicações Das Casas

 

 

E por falar dos blocos da construção do horóscopo, poderemos agora considerar as casas dos horóscopos. A primeira casa é conhecida como o Ascendente - é onde se situa o signo que nasce no horizonte. Em sânscrito, esta casa é denominada Lagna, que significa "ponto inicial". Também é chamada de Tanu Bhava, ou a casa do corpo, em geral. O Dr. B. V. Raman se referiu ao Ascendente, em diversas ocasiões, como a "base do horóscopo". A natureza básica da pessoa e seus traços de caráter são indicados pelo ascendente.

É uma base de verdade. As outras casas tomam sua importância a partir do relacionamento que tem com o ascendente. Por exemplo, a quarta casa é assim chamada por ser a quarta a partir do Ascendente. E os atributos da quarta casa, como relações familiares, educação, mãe, etc., se manifestam como tais por causa deste relacionamento com o Ascendente.

 

É basicamente o Ascendente que eleva o horóscopo a um nível mais elevado, ou o diminui a um inferior, ditando os resultados produzidos pelas outras casas. O exemplo seguinte ilustra isso. Suponhamos que dois mapas diferentes tenham indicações igualmente fortes para educação: uma quarta casa forte e tudo o mais. Mas num caso, o Ascendente é também forte e sem aflições, enquanto no outro ele é enfraquecido. Bem, embora ambos os mapas possam dar bons resultados em termos de educação, o que tem o Ascendente forte produzirá efeitos num nível mais elevado. O nativo deste horóscopo deverá se formar numa universidade conhecida e com alto grau. Por outro lado, o nativo do mapa com o Ascendente fraco também se formará, mas talvez numa escola de menos prestígio, de fama apenas regional, ou quem sabe com créditos bem menores, ou qualquer coisa desta natureza.

 

O começo da vida também é representado pelo Ascendente, assim como sua duração. Por exemplo, num mapa conhecido do autor, o Sol ocupa o Ascendente, em Câncer, um signo aquático. O Sol, dentre outras coisas, representa hospitais e o governo. O interessante é que o nativo nasceu, começou sua vida, num hospital da Marinha, para nos atermos apenas às indicações do Ascendente.

 

E assim como os diferentes signos do zodíaco representam as várias partes da anatomia do corpo, da mesma forma as casas do mapa individual. No caso específico do Ascendente, ele representa o cérebro, a cabeça e até mesmo o cabelo.

 

Da mesma maneira, a segunda casa representa o rosto, o olho direito, a boca e a língua. Assim, o carma do nativo em relação a dietas e hábitos alimentares, além da fala e da visão, está indicado pela segunda casa.

 

O capítulo 11, verso 49 do "Parijata Jataka" afirma que "o aprendizado ... é normalmente dado pela segunda casa". O aprendizado faz referencia á segunda casa porque a segunda é a décima primeira

a partir da quarta. A décima primeira é a casa dos ganhos e a quarta, a principal casa da educação acadêmica. Portanto, uma casa de ganhos bem apresentada pela quarta (educação), a segunda, indica carma acadêmico também, embora a quarta seja a casa principal da educação. Assim, é  necessária uma quarta casa forte ou karaka para que os resultados acadêmicos fluam através da segunda casa.

 

A família é outra indicação da segunda casa, como muitos textos clássicos mencionam. Isso se refere não apenas ao núcleo familiar onde o nativo nasceu, mas também ao formado pelo casamento. Em relação a esta indicação, a segunda está ligada aos tios, por ser a décima primeira (irmãos mais velhos) da casa da mãe.

 

Que a segunda esteja também ligada ao desenvolvimento econômico também é abordado em vários textos antigos. Na verdade, no primeiro capitulo do "Hora Castra", o nome Artha é dado á segunda casa. Artha foi traduzido pela Sua Divina Graça A. C. Bhaktivedanta Swami como "desenvolvimento econômico".

 

Especificamente, a renda é atribuída também à segunda casa. E isso porque ela é a quarta a partir da décima primeira casa. A décima primeira é a casa dos ganhos financeiros. A quarta é a casa da residência. Assim, de acordo com a lógica padrão para interpretação, a segunda casa é onde a riqueza mora, por assim dizer, e esta é uma razão para ela ser considerada a casa da renda. É isto tem muitas confirmações empíricas. A segunda também pode indicar bens moveis.

 

 

A terceira é a casa dos Sahaja, ou irmãos. Aí se incluem também vizinhos, amigos, primos e outros.

A coragem e a ousadia são outras indicações importantes da terceira casa. Quando esta casa está bem disposta torna o nativo corajoso. E quando os planetas de fogo influenciam-na favoravelmente, isso é ainda mais certo. Quando Marte, que já é o karaka (indicador natural) de coragem, ocupa esta casa, a pessoa se torna corajosa ao máximo.

 

Outro atributo importante da terceira casa é a comunicação. Que abrange tudo, desde redação, publicação e distribuição de informações - e aí se incluem livros, jornais, revistas e a media, em todos os seus aspectos.

 

Anatomicamente, a garganta, ombros, braços e ouvidos são as áreas normalmente relacionadas com a terceira casa. Portanto, a natureza da voz da pessoa e da vira (força) deve ser procurada na terceira.

A quarta casa indica muitos aspectos importantes da vida. Por exemplo, ela é chamada de Matru-sthan por ser a casa da mãe. Também é chamada de Vahana-sthan por representar os vehiculos. E Bandhava é outro nome importante da quarta casa. Esta denominação se refere ao fato de a quarta indicar as relações - e "lareira e lar" também já foram citados a respeito dela. Terras e propriedades correspondem à quarta, sendo indicativo da terra natal do nativo, também. Finalmente, a quarta é a casa da educação. Quando está fortalecida, este recebe alta educação, obtém bons graus e coisas do gênero. Quando aflita, a educação ou é interrompida ou prematuramente cortada.

 

As partes do corpo que a quarta casa representa são o peito e o coração. Talvez seja por isso que ela represente a mente e os sentimentos do individuo, pois é a casa onde mora o coração (e, de acordo com os Puranas, onde a própria alma reside).

 

A quinta casa recebe o nome de Putra-sthan, por ser a casa dos filhos. De acordo com esta lógica, a quinta indica criatividade em geral; afinal, nossos filhos são nossas criações.

 

É a casa da inteligência. Não apenas o nível de inteligência pode ser julgado a partir da quinta, mas também sua natureza. Por exemplo, Mercúrio num signo marciano daria ao nativo um tipo de inteligência muito lógica, enquanto Júpiter nesta casa daria um tipo de pensamento mais ligado à sabedoria, bom julgamento e bom senso. De qualquer forma, talvez esta indicação caiba a quinta casa por causa da capacidade de aconselhamento, que ela também representa.

 

Tudo o que tem a ver com oportunidades ou competição se relaciona com a quinta. Exames, esportes, investimentos, especulação e loterias são todos representados pela quinta.

 

Esta casa também se relaciona com votos religiosos, templos, mantra japa e rituais religiosos. É uma casa religiosa. No "Brihat Parashara Hora Castra", na seção que trata da regência da quarta casa, o Maharishi afirma: "Quando o regente da quarta casa ocupa a quinta, o nativo se torna um devoto de Sri Vishnu".

 

Por ser relacionada com templos, devoção e rituais, pode-se ter uma idéia através dela acerca da divindade que o nativo deverá adorar. Por exemplo, influencias femininas na quinta casa indicam que ele se dedicará a Durga ou a Lakshmi.

 

O estômago é representado pela quinta.

 

A sexta casa indica enfermidades, inimigos, oponentes, obstáculos, disputas (como por exemplo no tribunal), servidão e dividas.

 

Por ser a terceira a partir da casa da mãe, representa os tios matemos. Isto é bastante confirmado na literatura astrológica clássica.

 

Anatomicamente falando, a sexta corresponde aos intestinos, rins, pâncreas e fígado.

 

A sétima casa é chamada de Kalatra-sthan e Kala-sthan, ou casa do casamento e das associações, respectivamente.

 

Os "opostos" devem ser julgados pela sétima casa, embora em termos de oponentes a sexta seja mais representativa.

 

Para determinação de residência no estrangeiro, a sétima é a casa que deve ser estudada. Uma terra estrangeira não é o oposto da terra natal? (A sétima se opõe à primeira casa.)

 

Um medico astrólogo afirmou corretamente que a sétima casa representa "a genitália externa".

 

A oitava é a casa dos segredos, impedimentos ocultos, enganos e do misticismo. Nos tempos modernos, também lhe têm sido atribuídas as pesquisas com as quais o nativo se envolve.

 

A longevidade é outra indicação da oitava casa. Por isso ela é chamada de casa da morte. E não apenas a longevidade do indivíduo, como também a origem e a natureza da sua morte, além de uma idéia do seu destino futuro, pode ser obtida pela oitava casa. Acerca disto nós temos a autoridade de Sri Krishna, que afirma no "Bhagavad-Gita":

 

Yam Yam Vapi Smaran Bhavam

Tyajati Ante Kalevaram

Tam Tam Evaiti Kaunteya

Sada Tad Bhava Bhavita

 

"O estado mental que a pessoa tiver, ao deixar este corpo, corresponde ao estado que ela alcançará, sem falha." ("Bhagavad-Gita", capítulo oito, verso seis).

 

Afinal, se nosso "estado mental" no momento da morte influencia nossa vida futura, então o ambiente e a natureza de nossa morte, segundo a oitava casa, serão fatores indicativos importantes.

 

O intestino grosso é a região anal correspondem a esta casa do horóscopo.

 

A nona casa é a casa do darma ou religião. A quinta também é uma casa ligada à religião, mas a nona é ainda mais intensa a este respeito. Ela indica as peregrinações e a devoção nos templos.

 

Também é a casa do mestre espiritual, ou guru. E a nona ainda representa os professores, em geral. Como o pai é o principal professor na vida de uma pessoa, deve ser por isso que a nona casa também representa o pai.

 

E o fato desta casa indicar o pai está acima de qualquer dúvida, segundo o próprio Parashara Muni afirma. Sua declaração pode ser encontrada no "Brihat Parashara Hora Castra", no capitulo 20, que trata da nona casa.

 

Esta casa também é chamada de Bhagya-sthan, ou casa da fortuna. A este respeito, ela se assemelha à quinta. Ambas são casas relacionadas com os carmas punya e purva (créditos religiosos e atividades de vidas passadas, respectivamente). Isso é porque as duas são casas trinas e esta é a natureza das casas trinas. De qualquer maneira, os resultados provocados por estas casas nos chegam com pouco esforço e/ou não exatamente conforme os esforços que tenhamos feito para um fim específico. Por exemplo, o pai do indivíduo. Uma pessoa não escolhe o seu pai. O pai que ela recebe na vida é o que ela merece, de acordo com seu carma de vidas anteriores. É por isso que o tipo de resultados que a nona casa produz tem o elemento sorte.

 

Se observarmos que a nona casa torna-se a décima-segunda, se contada em sentido horário a partir da décima, veremos que ela se torna a casa da caridade, do governo, da assistência social, etc.

 

As coxas são representadas pela nona casa, enquanto a décima rege os joelhos.

 

A décima casa é a Karma-sthan, a casa das ações. Suas indicações também abrangem o tipo de trabalho do individuo, sua profissão e carreira. Uma compreensão mais profunda desta casa é dada no "Esoteric Astrology", onde Bepin Behari diz que a palavra sânscrita vasanam ou vestimenta é usada para definir a décima casa. Parece que assim como o corpo se expressa através das roupas que veste, a alma se expressa através da décima casa. Noutras palavras, pelas ações e atividades do corpo.

 

Esta casa definitivamente é diferente da nona, pois indica os esforços e o trabalho do individuo. E seus resultados são produzidos em relação direta com as ações que a pessoa faz, com suas próprias mãos.

 

Outra indicação importante da décima tem a ver com o status, a posição social e a autoridade. E claro, o status da pessoa na vida também é fortemente indicado pelo Ascendente, mas este é o domínio da décima casa.

 

E a décima, além de representar a autoridade, também indica os superiores do nativo e o governo. A propósito, desde que a nona é a décima-segunda a partir da décima casa, ela se torna a casa da caridade do governo, assistência social, etc.

 

No capitulo 11 do "Parashara Hora", o Maharishi afirma que o pai deve ser julgado pela décima casa, apesar de dizer, no capitulo 20, que o pai é indicação da nona. Na verdade, isso não é contraditório - apenas quer dizer que mais de uma casa indica o pai. R. Santhanam, no seu comentário a este verso do "Parashara Hora", declara que a décima é a casa oposta a quarta, que é a casa da mãe. Assim, segundo os valores astrológicos, é justo que a décima seja a casa do pai. Ao mesmo tempo, a nona ainda é a casa do pai, porque o pai é dado pela providencia, é o professor da vida, e porque Parashara Muni o disse. A opinião de R. Santana é que "o status do pai, sua família e os rituais finais que o nativo fará por ocasião da morte do pai poderão ser conhecidos através da décima casa. O pai como um indivíduo... poderá ser examinado pela nona casa".

 

De qualquer forma, é muito comum que os astrólogos do sul da Índia considerem o pai pela nona casa, enquanto no norte existe uma forte tendência para considerá-lo pela décima.

 

A décima-primeira casa é a casa dos ganhos. É uma casa financeira. No capítulo 22 do "Parashara Hora", o sábio usa a palavra "prosperidade" para descrever esta casa, embora seu regente não corrobore este conceito. Os resultados produtores de riqueza são descritos, entretanto, ao longo de todo o capítulo acerca do regente da décima primeira casa, assim como os planetas que a ocupam.

 

É a casa das realizações. Como a melhor upachaya, pode ser definida pelos seus resultados; é uma casa onde todos os planetas; especialmente os maléficos naturais, produzem bons resultados.

 

Esta casa também representa as amizades, irmãos e vizinhos, como a terceira. A única diferença é que, neste caso, a décima-primeira indica os irmãos mais velhos, ao passo que a terceira representa os mais jovens.

 

Anatomicamente, os tornozelos são representados por esta casa, como os pés e o olho esquerdo são pela décima-segunda.

 

A décima-segunda casa é chamada de Vyaya, a casa das perdas. Ela provoca despesas, decrepitude e o carma degenerativo, em geral.

 

O termo shayana-shuka, ou prazeres noturnos, também é usado para descrever a décima-segunda casa. Pois ela se relaciona tanto com a existência como com a natureza dos prazeres sexuais desfrutados pelo nativo. O carma associado ao sono da pessoa também pode ser julgado a partir dela.

 

Esta é a ultima casa do horóscopo. Da mesma forma que a primeira casa indica o início da vida do nativo, a décima-segunda mostra o seu final e alem desta. Esta casa praticamente toca a existência futura; apenas está separada desta por uma fina camada de tempo. O "momentum" que começou a juntar vapor desde a primeira casa, basicamente se esvazia na plataforma da décima-segunda. Neste ponto, a alma deveria se sentir mais próxima da vida futura do que do inicio da atual.

 

A influencia dos planetas benéficos puros a esta casa produz resultados que vão desde o amor puro por Deus até a liberação para uma vida futura em planetas celestiais. Já a influencia dos planetas maléficos criaria uma condição futura próxima do tormento. As influencias medias, é claro, provocariam uma vida futura com confortos e boa sorte, ao lado de obstáculos e dificuldades.

 

 

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