CAPÍTULO OITO

Regras para Ocupação de Casa e Regências
 

No capítulo anterior, delineamos simplesmente os atributos das casas. Neste capítulo, tentaremos ver as casas sob uma luz diferente; tentaremos ver como funcionam os planetas, de forma positiva ou
negativa, de acordo com o tipo de casa que eles ocupam.


Nós temos basicamente quatro classificações diferentes para as casas, na astrologia védica:

• Casas kendra ou quadrantes

• Casas trikona ou trígonas

• Casas dushthanas ou casas maléficas e

• Casas upachaya ou produtivas
 

As casas quadrantes são a primeira, a quarta, a sétima e a décima. As trinas são a quinta e a nona. A primeira funciona tanto como quadrante como trígona: é a esquina onde os dois tipos se iniciam. As casas seis, oito e doze são maléficas e as três, seis, dez e 11 são upachaya.

A melhor maneira de classificar as casas é simplesmente definir como elas operam. Por exemplo, os planetas benéficos produzem resultados positivos nas casas quadrantes. Eles fortalecem estas casas. Os maléficos não são positivos nestas casas, a menos que fortalecidos por outro aspecto, que é o que geralmente acontece.

Mas, normalmente, os planetas que ocupam as casas quadrantes sugerem que o nativo pode manipular a matéria e lidar com as coisas, na vida. A razão por trás deste elemento basicamente implica que as casas quadrantes representam os aspectos principais da vida. Por exemplo, a primeira indica o carma em geral, a quarta representa elementos centrais como a mãe, a casa, educação e veículos. A sétima indica o cônjuge e a décima, o trabalho do nativo. Em comparação com estas, as outras casas representam fatores periféricos da vida: como a terceira, que indica irmãos, a décima-segunda, que indica despesas, ou a segunda, que indica a renda do nativo. Assim, os planetas que ocupam as casas quadrantes indicam que o nativo se interessa pelos aspectos mais profundos da vida e que o seu carma e mais ativo nestas áreas. Uma pessoa que tenha muitos planetas na décima-segunda casa, em contraste, pode se interessar mais pela renúncia a ou simplesmente ser uma pessoa sem meios, nesta casa pobre.

As casas trinas são sempre benéficas para os planetas que as ocupam. Mas o mesmo esquema aplicado às quadrantes se aplica às trinas: os planetas benéficos se beneficiam destas casas e produzem bons resultados, ao passo que os maléficos são negativos para as casas trinas.
 

As casas dushthan são a sexta, a oitava e a décima-segunda. Em sânscrito, elas também são chamadas de casas Trik. São sempre maléficos para qualquer planeta que as ocupe, com algumas exceções dignas de menção.

Uma exceção bem conhecida é Vênus na décima-segunda, provavelmente por causa da lógica óbvia que acompanha esta localização. Uma vez que esta casa se relaciona com diversões e confortos,
é uma casa onde Vênus se sente confortável e produz bons resultados. É mais provável que estes resultados sejam relativos a luxo e prazeres sexuais, e não necessariamente financeiros.

Outra exceção é a de Mercúrio na oitava. A literatura astrologia clássica afirma que Mercúrio na oitava e uma boa indicação de longevidade. Isso é coerente mas não se aplica apenas a Mercúrio, pois os benéficos enfatizam as indicações de qualquer casa que ocupam.

E já que a oitava é a casa da longevidade, Mercúrio, a Lua Cheia, Júpiter ou Vênus seriam todos úteis a este respeito.

Mas as indicações específicas de Mercúrio na oitava são mencionadas em vários textos, como por exemplo no "Brihat Jataka", capítulo 20, texto seis (Usha & Shasi), onde Viraha Mihir afirma que quando Mercúrio ocupa a oitava casa "a pessoa ficará famosa por suas virtudes". E isto é estranho, porque a oitava é uma casa maléfica e os planetas que a ocupam não produzem resultados virtuosos.

Em "Saravali", Kalyan Varma (tradução de R. Santhanam, capítulo 30, texto 45) vai ainda mais longe afirmando que, "se Mercúrio ocupar a oitava bhava (casa), o nativo receberá nomes famosos (isto é, títulos), será forte, terá longa vida, sustentará a sua família e será igual a um rei ou um juiz". Assim, parece que a oitava casa para Mercúrio não é necessariamente uma localização onde ele deixe de dar bons resultados. Na verdade, observaram-se diversos resultados fortes de Mercúrio na oitava.

O "Bhavarta-Ratnakara" tambem menciona outra exceção, a de Júpiter na oitava. No capítulo nove, texto oito deste trabalho, diz-se que Júpiter na oitava pode produzir grandes riquezas, quando ele é o regente da nona. B. V. Raman, em notas ao texto, afirma que isso deva ocorrer pelas seguintes razões: Júpiter é um planeta produtor de riqueza por excelência e regendo a nona, que também é uma casa produtora de riquezas quando, por exemplo, o ascendente é Câncer. Desta forma, o seu aspecto sobre a segunda (renda) a partir da oitava deveria produzir o acúmulo de riquezas. Eu mesmo testemunhei este aspecto dar fortes resultados: a fonte de riqueza do nativo era seu pai, se nos lembrarmos que o regente da nona é Júpiter e a nona casa também representa o pai. Portanto, deve ser visto com seriedade. Outra exceção aos resultados maléficos normalmente atribuídos à ocupação das casas dushthanas será mencionada nos próximos parágrafos acerca das upachayas, mas agora diremos alguma coisa sobre os regentes das casas dushthanas

Agora chegamos às casas upachayas: a terceira, a sexta, a décima e a décima-primeira. Para definirmos estas casas em termos de ocupação, tudo que podemos dizer é que os planetas que as ocupam produzem resultados, especialmente os maléficos. É o oposto das casas trígonas e quadrantes, onde os planetas maléficos produzem resultados maléficos.

É digno de menção o fato de a sexta casa ser tanto dushthan como upachaya, e isso é porque, segundo os textos antigos, os planetas, especialmente os maléficos, produzem resultados bons e maus, na sexta casa. Lembre-se de que as casas upachayas tornam frutíferos os planetas que as ocupam.

Isto, é claro, pode ser bastante confuso. Mas tudo se torna claro ao se compreender que, quando um planeta é benéfico por outras razões, por exemplo, pelo signo onde se situa, pela regência, por aspectos e associação, então ele pode e produz resultados poderosos na sexta casa, pois a sexta é, afinal, uma casa upachaya.

Isso é coerente porque, mesmo numa casa quadrante ou trígona, um planeta tem que estar bem disposto, ou pelo menos livre de aflições, para que possa tirar proveito das casas. O mesmo acontece com a sexta. Um planeta pode superar o malefício de estar numa casa maléfica, se se aproveitar do fato de que ela também é uma casa upachaya. Mas aí o planeta teria que obter força de algum outro aspecto, a fim de fazê-lo.

A décima também desempenha um papel duplo. Ela é tanto uma casa quadrante quanto upachaya. Isso significa que os planetas maléficos geralmente prosperam e produzem bons resultados na décima. Normalmente, os maléficos provocam malefícios nos quadrantes, mas na décima, o oposto é o verdadeiro, por causa do fato de ser, ao mesmo tempo, uma casa upachaya.

 

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