CAPÍTULO NOVE

Os Planets

Bem no início "Brihat Parashara Hora Shastra", o Maharishi identifica os planetas como expansões de Vishnu. Isso é coerente se não nos esquecermos que Vishnu é o responsável pela viagem das almas através do mundo material. Na verdade, Vishnu cria o mundo material como um campo de atividade para a alma individual (veja capítulo 13 do "Bhagavad-Gita"). Então, Ele se expande como a Super-Alma, para acompanhar cada alma individual, de nascimento a nascimento. Uma vez que os planetas indicam nosso destino neste mundo, é natural que eles sejam Vishnu-tattva (da natureza de Vishnu). O que se quer dizer aqui é que a vontade de Vishnu é indicada pelos planetas, e que eles não agem por si sós.

Antes de começarmos a falar dos planetas e de como eles operam na astrologia de predicões, primeiramente devemos nos familiarizar com o conceito de karakas. Karaka é uma palavra sânscrita que significa indicador. Os planetas são, todos eles, indicadores naturais de alguma coisa. Por exemplo, a Lua representa as mães, o Sol representa os pais, o rei e o governo, Marte é o planeta da coragem, Vênus, dos amores, etc. O fator do qual um planeta é indicador é chamado de karakatva e o próprio planeta é denominado karaka.

Apresentaremos os planetas na ordem semanal. Começaremos com o Sol (obviamente, o termo "planeta" aqui está sendo usado genericamente, ao incluirmos o Sol e a Lua).

SOL

O Sol é intitulado de Atma-karaka, o planeta indicador da alma. Quando o Sol é proeminente num mapa e outras combinações o favorecem, o nativo busca a auto-realização e assuntos relacionados à alma. É por isso que o Sol é indicador do ego, dos instintos, da personalidade básica e do caráter.

Na verdade, até mesmo a evolução espiritual da pessoa pode ser amplamente julgada a partir do Sol. O "Brihat Jataka" dá um "método" para se ter uma idéia acerca da vida passada do nativo: determina-se quem é o mais forte, se o Sol ou a Lua, e que decanato ocupa. O regente deste decanato sugere de que plano de existência o nativo veio (se da Terra, dos céus ou do inferno) e se a sua posição na vida passada foi elevada ou inferior. O Sol indica a viagem da alma de um corpo ao próximo (o porquê disso também ser visto através da Lua será comentado mais tarde).

Portanto, nota-se que o Sol não tem o mesmo significado, ou não é tratado da mesma forma, na astrologia védica no sistema Ocidental. Na astrologia Ocidental, o horóscopo e os arranjos planetários são basicamente julgados a partir do Sol. Na Védica, o horóscopo é julgado a partir do Ascendente e da Lua, embora o Sol tenha o terceiro lugar em importância, nas interpretações. A razão para esta postura védica é basicamente que, embora o Sol represente a alma, esta é coberta neste mundo pela mente sutil e pelo corpo. Já que a Lua corresponde à mente e o Ascendente, ao corpo físico, estes dois se tomam as fontes de informação mais práticas, em termos de eventos rotineiros, como casamento, filhos, finanças e trabalho. Mas as indicações sutis provenientes de plataformas do plano da alma, tais como o progresso espiritual do nativo, ou as coisas instintivas, teriam que incorporar a situação solar para serem adequadamente inferidas.

No que diz respeito às indicações mais exteriores do Sol, saiba que ele é considerado como um planeta de fogo da casta dos guerreiros. É por isso que os reis, o governo, a política e as autoridades em geral são representados pelo Sol. As qualidades reais, tais como o orgulho, a dignidade, a lealdade, a honra, o senso de dever, correspondem à influência solar. O Sol é um planeta satvic (divino, isento de ignorância), portanto, a imagem de um guerreiro cavalheiro combina em cheio com o Sol.

Muito tempo atrás foi reconhecido o fato de que o Sol se relaciona com a cura. Os raios do Sol são anti-sépticos, purificam um meio poluído e o limpam. Alem disso, os médicos, os remédios e os hospitais são representados pelo Sol. E ele também rege laminas afiadas; logo, a cirurgia corresponde ao Sol.

O Sol é o indicador natural do corpo, sendo chamado de Tanukaraka. A estrutura do esqueleto também corresponde a ele.

A visão, a ótica e a fotografia também são do seu domínio.

Ao outro luminar, a Lua, foi dada uma grande significação na literatura astrológica clássica. Raman chama a Lua e o Ascendente de "pilares gêmeos" do horóscopo. Da mesma maneira, Satya-Rishi, que foi um sábio da era védica e cujos escritos são bastante reconhecidos, afirma no seu tratado astrológico ("Satya Jatakam") que a Lua deveria ser dada uma importância igual à dada ao Ascendente, se ela estivesse forte. Na realidade, Satya fala de considerar a configuração planetária a partir do Ascendente, da Lua e do Sol, para obter um julgamento amalgamado. A isso ele chamou de sudarshana, ou uma boa visão do horóscopo. Mas, de novo, o Ascendente e a Lua serão mais importantes em termos de eventos prosaicos, do dia-a-dia, e o Sol será mais indicativo da evolução espiritual da pessoa e da alma propriamente dita.

LUA

A Lua é chamada de Mana-karaka, ou planeta indicador da mente. Existe um termo no quinto canto do Shrimad Bhagavatam, que e "Manomaya", e que Sua Divina Graça A. C. Bhaktivedanta Swami traduz como "a Lua, a divindade predominante na mente de cada pessoa". A Lua representa a mente no sentido de suas emoções e sentimentos, sendo a inteligência racional representada por Mercúrio. Assim, a Lua é indicadora da mente para os sentimentos, vontades, tendências e a natureza das atrações do nativo, sua psicologia e psicanálise também ficam sob sua égide.

Seria interessante, neste ponto, esclarecermos a natureza da mente, segundo Avanti (distrito de Malwa) Brahmin, no canto 11 do "Shrimad Bhagavatam" (capítulo 23, texto 46). Enquanto assumia responsabilidades pessoais referentes a um carma negativo pelo qual ele estava passando, o brâmane escreveu o seguinte: "Eu, uma alma infinitesimal, por outro lado, abracei esta mente, que é o espelho onde se reflete a imagem do mundo material". Esta declaração parece confirmar a observação comum de que a mente parece ter um elemento refletor ao seu redor, da mesma forma que a Lua, sua significadora, reflete a luz do Sol.

Para a compreensão da Lua, um contexto é feito em cima das suas fases e sua plenitude. Quanto mais brilhante for a Lua, mais forte ela estará, ao passo que quanto mais escura mais fraca ela estará no mapa. Uma Lua escura é considerada um indicador maléfico da mente que, de uma forma ou de outra, duvida de si própria, se preocupa, exagera, é indecisa, sem determinação, sujeita a fobias, paranóia e, até certo ponto, não possui aquele espírito de "seguir em frente" que a Lua Cheia da ao nativo.

Por outro lado, quando a lua está brilhante, e em especial quando está cheia, indica uma mente forte e saudável. Shil Ponde, no seu livro "Hindu Astrology - Jyotish Shastra", reúne isso tudo muito bem quando diz: "As pessoas de Shukla-Paksha (Lua brilhante) podem não ser ricas e prósperas, mas parecem saber o que fazer para desenvolver os talentos que possuem e curtir a vida intensamente, até o ponto permitido pelo status no qual nasceram. Elas têm o poder de se elevar na vida através dos próprios esforços". Esta é a idéia básica por trás de uma Lua brilhante: ela dá uma mente positiva, boa memória e uma base emocional estável.

Além de ter karakatva sobre a mente, a Lua é a karaka por excelência das mães. Naturalmente, um gênero feminino está associado com ela. Uma vez que a natureza lunar é nutriz, não é de se
admirar que ela represente os seios e o leite. É interessante que seja denominada Soumya, ou "gentil" na literatura astrológica clássica, pois a gentileza é uma qualidade tradicionalmente associada à maternidade. Nos tempos modernos, cuidar de crianças de uma forma geral é uma atividade tipicamente lunar.

A Lua é um planeta da água e representa não apenas a água, como todos os líquidos. Na verdade, os oceanos, a água salgada e as perolas são representados pela Lua, da mesma forma que os marinheiros e navegantes.

Seguindo esta mesma lógica, nosso sangue e o sistema cardiovascular são considerados como representados pela Lua. Já que Marte é vermelho, algumas pessoas acham que Marte rege o sangue, o que pode ser verdade. Marte em signos aquáticos pode, realmente, representar o sangue. Mas primariamente é a Lua o indicador astrológico do sangue.

A vegetação também fica sob a égide da Lua. Sri Krishna declara, no "Bhagavad-Gita" que a Lua fornece o "suco da vida aos vegetais". E no seu comentário a este verso, A. C. Bhaktivedanta Swami explica: "Devido à influência da Lua, os vegetais se tornam deliciosos. Sem o brilho do luar, os vegetais não cresceriam nem teriam gosto... Tudo se torna palatável pela ação do Senhor Supremo através da influencia da Lua" (verso 15.3).

Também digno de menção na astrologia de predição é o fato de que o algodão, os tecidos e a industria têxtil em geral são indicados pela Lua.

MARTE

O próximo planeta na nossa linha de considerações planetárias é Marte. Este é um planeta que pertence à casta guerreira, como o Sol. Marte era o Deus Romano da Guerra. Na verdade, Marte é Kartikeya no esquema védico, o comandante-chefe dos semideuses. Nos Puranas, existem histórias sobre como Kartikeya defendeu os semideuses contra um grupo de materialistas chamado Daityas.

Como um planeta guerreiro e de fogo, Marte dá energia, resistência, coragem, raiva e um temperamento aguerrido. A habilidade de desafiar é dada naturalmente ao nativo pelo elemento marciano. As coisas militares e as armas, a artilharia, lanças, rifles e os explosivos são representados por Marte, da mesma forma que qualquer arma pontuda e afiada.

Quando o fogo marciano é bem canalizado e sublimado, basicamente por estar localizado numa boa casa, num signo confortável, por boas associações ou aspectos, a influencia deste planeta pode ser bastante positiva. E quando este tipo de Marte é proeminente num mapa, a pessoa se eleva na vida, em qualquer esfera na qual atue, com energia, luta e resistência. Uma tal influencia de Marte tornará o nativo construtivo.

Mas um Marte descontrolado, talvez por estar numa casa ou num signo negativo, ou em associação ou mal aspecto com um planeta como Saturno, por exemplo, pode fazer com que o nativo se debata de maneira agressiva, emocional, rude e até mesmo destrutiva. O trabalho como açougueiro pode ser representativo desta situação. Marte é o indicador natural de vários aspectos importantes da vida. Por exemplo, Vira ou força é indicada por Marte. As pessoas que têm um Marte proeminente nos seus horóscopos devem ter um bom desenvolvimento muscular.

Marte também é o Bhratru-karaka, ou o indicador natural de irmãos e irmãs. Ter irmãos é considerado uma fonte de força para um indivíduo, de forma que estes são normalmente indicados por Marte. Pode-se incluir nesta classificação não apenas os irmãos, mas todos os tipos de parentes.

Bhoomi-karaka é outra denominação de Marte, que significa que Marte é o karaka de terras e propriedades, como edifícios.

Uma ocupação tipicamente marciana é o serviço militar. Mas qualquer tipo de trabalho com calor e fogo, tal como trabalho em cozinhas, em caldeiras, fábricas ou de apagamento de incêndios (bombeiros) seria considerado marciano. Marte é um planeta de natureza lógica, portanto as profissões que envolvam matemática, como a engenharia e a ciência, são direcionadas principalmente por Marte.

Mas uma tal manifestação normalmente envolve uma mistura das influências de Marte com Mercúrio. Marte num signo de Mercúrio ou vice-versa pode, certamente, inclinar a pessoa a ciência e a engenharia, e até mesmo a medicina, matemática e computação.


MERCÚRIO

A fama principal de Mercúrio vem de ser o planeta da inteligência. O próprio nome deste planeta em sânscrito é Bhuddi ou intelecto (a sabedoria e o julgamento são domínios básicos de Júpiter). Todos os tipos de inteligência, isto é, racional, analítica, sintética, assim como a abstrata, são do domínio de Mercúrio.

Como é interessante, então, notar que ambos os signos regidos por Mercúrio sejam representados por figuras humanas (os gêmeos de Gêmeos e a virgem de Virgem)! É o intelecto humano que nos separa dos animais ou, noutras palavras, nossas habilidades abstratas. Mercúrio tem uma significação especial para a vida humana.

Na realidade, como um planeta de natureza abstrata, Mercúrio tem o domínio sobre a composição, matemática, códigos, idiomas (inclusive linguagens de computador) e a própria astrologia. Afinal,
a astrologia tem muito a ver com a compreensão do tempo e do carma através de símbolos astronômicos, sendo, portanto, abstrata.

Por causa da sua grande significação intelectual, Mercúrio é o karaka da aprendizagem. Sua influência pode envolver a pessoa em estudos mais elevados e até mesmo numa carreira acadêmica.

Mercúrio é conhecido como o mensageiro dos deuses, de forma que qualquer tipo de comunicação ou publicidade, como livros, jornais, revistas, radio, televisão ou rede de computadores, recebe a influência de Mercúrio. Qualquer tipo de serviço de entrega (Correio) também é mercurial, obviamente.

Seguindo esta mesma lógica, a fala corresponde a Mercúrio. Para termos uma idéia básica, se Mercúrio se associa com algum benéfico, como Júpiter, por exemplo, então o nativo terá uma fala doce, cheia de sabedoria e religiosidade. Mas a associação com Saturno inclinaria a fala do nativo a ser um tanto ríspida. E quando Mercúrio está retrogrado, a pessoa pode se tornar tagarela, porque o movimento retrógrado exagera as qualidades dos planetas.

Todos os planetas são influenciados pelas associações que fazem no mapa, mas no caso de Mercúrio isso é mais verdadeiro ainda. Ele reflete os planetas que estão ao seu redor. Esta qualidade de Mercúrio é abordada na literatura antiga, por exemplo, no "Saravali", capítulo quatro, texto nove, onde R. Santhanam declara que "Júpiter, Mercúrio e Vênus são benéficos naturais... Mercúrio na companhia de maléficos e a Lua Minguante são considerados maléficos". Noutras palavras, Mercúrio é literalmente volátil - sua própria natureza é sublimada e o que ele espelha é a natureza dos planetas que o cercam, por assim dizer.

A habilidade corresponde a Mercúrio. Nos tempos modernos, onde se vê esta qualidade de Mercúrio se manifestar mais é nos escritórios. A digitação, o arquivo, a redação e o registro de vários tipos de informações, como o livro de caixa e de entradas e saídas, todos são mercuriais. Além disso, as habilidades artísticas, a de compor, de criar artesanato, e a proficiência técnica, todas correspondem a Mercúrio. E já que ele pertence à casta comerciante, a habilidade com negócios também é dada por este planeta aos seus nativos.

Mais uma coisa sobre Mercúrio - ele é generoso. Este traço é bem abordado no "Jataka Parijata", capítulo nove, verso dez, onde se lê: "Se Mercúrio ocupa a décima casa, o nativo se sacrificará em algumas tarefas..." (tradução de V. Subramanya Shastri). A idéia é que a décima casa (karma-sthan) indica as ações do nativo e a casa por onde a própria alma se expressa. Assim, se o verso nos diz que aqui Mercúrio inclina a pessoa ao sacrifício, serviço público e similares, isso significa que Mercúrio, por natureza, é generoso e gosta de auxiliar.

Este traço é normalmente atribuído ao fato de que o adi-devata de Mercúrio é Vishnu, a Personalidade Suprema do Próprio Deus. O adi-devata é o "símbolo" do semideus, por assim dizer, que tipifica as qualidades intrínsecas de um planeta. Vishnu é amplamente citado em todas as literaturas védicas, especialmente nos Puranas, como uma Personalidade que perdoa e é generosa, que sempre vem em socorro dos Devas, os deuses, quando seus eternos oponentes, os Daityas, se levantam para vencê-los. Portanto, podemos concluir que Mercúrio não é apenas um planeta generoso, mas que ele inclina a pessoa à religiosidade, à bondade e inclusive torna seu nativo devoto de Vishnu, se outras indicações o permitirem.

JÚPITER

Júpiter é Brihaspati no esquema védico das coisas, o guru de Indra e dos Devas. Para começar, isto sugere que ele seja um grande brâmane, que dizer de ser um professor, sacerdote ou planeta religioso!
Na realidade, como brâmane, Júpiter indica todos os tipos de conselhos cármicos, porque esta é a natureza dos darmas bramínicos. Na antigiudade, estas atividades eram executadas pela casta dos brâmanes, mas atualmente, o papel bramínico de Júpiter seria o de um conselheiro, assistente ou algum tipo de profissional moderno. A combinação de Júpiter com a Lua pode fazer a pessoa se orientar à psicologia; com Marte, um advogado; com Mercúrio, um contador ou economista ou, se se der na quinta casa, um conselheiro de investimentos financeiros. Outros casos particulares dependem da situação de Júpiter no mapa, mas o principal é que Júpiter sempre leva a pessoa a um papel de conselheiro.

Por ser brâmane, guru e instrutora, a personalidade jupiteriana sente que tem autoridade, e que a sua opinião vale como a "ultima palavra".

A este respeito, um dos títulos de Júpiter é Dharma-karaka, ou o indicador de religião. Júpiter da compreensão espiritual e sabedoria. E, como sacerdote, ele inclina a pessoa às cerimônias e rituais religiosos, também.

Júpiter é um grande educador, como bramâne. Na verdade, ele é chamado de Vidya-karaka, porque Júpiter aponta para o conhecimento. Sob sua influência, a pessoa adquire os conhecimentos mais elevados, em universidades, podendo ainda se envolver na carreira do magistério, de uma forma ou de outra.

Outro título dado a Júpiter é Dhana-karaka, ou indicador de riqueza. O papel de Júpiter como indicador financeiro da pessoa constitui uma das suas definições mais acertadas. Especificamente, os investimentos e o dinheiro que se tem no banco pertencem à esfera de influência de Júpiter, porque a expansão é outro dos seus traços principais. Afinal, o que são dinheiro em banco e investimento, senão dinheiro que cresce?

Outra forma pela qual esta faceta de crescimento jupiteriano normalmente se manifesta é sugerida pelo seu título Putra-karaka, ou indicador natural de filhos. Num mapa, são principalmente Júpiter, a quinta casa e seu regente os indicadores da existência de filhos, e até mesmo dos seus destinos.

Júpiter é o maior dos benéficos. Como se diz quando ele se situa num mapa, fortemente centralizado, pode salvar o nativo de influências maléficas de outras combinações planetárias.

Júpiter é o oposto planetário do constritivo Saturno. Enquanto Saturno limita as possibilidades da pessoa e estabelece parâmetros, Júpiter sugere desenvolvimento, desdobramento, evolução, satisfação e dá uma expressão positiva. Mesmo quando se encontra aflito, ou tem seu poder diminuído, ele tende a tornar a pessoa supergenerosa, otimista e muito agradável; mas a ausência de canais saturninos, por exemplo, pode fazer com que o nativo se torne incapaz de dizer não e dissipe seus esforços sem garantia de sucesso.

Mercúrio, por outro lado, tem uma posição oposta à de Júpiter também no sentido de planeta do raciocínio: Júpiter trata da sabedoria e do bom senso, mas o seu elemento conservador não fica cômodo na presença do comportamento racional de Mercúrio.

Examinaremos agora as palavras de B. V. Raman, quando diz que "a posição de Júpiter também melhora consideravelmente (um mapa), tornando o nativo independente dos outros e autodidata. Júpiter expande a dignidade da pessoa, de forma firme, mas silenciosa". A lógica por trás disso é que Júpiter é o planeta de Punya, ou créditos cármicos obtidos em vidas passadas, de maneira que nesta existência a pessoa deverá ter sorte nos seus empreendimentos e se expandir, mesmo naquilo onde os outros falham.

VÊNUS

Vênus é outro grande benéfico. No esquema védico, Vénus é conhecido como Shukra-Acharya, o mestre espiritual de um grupo materialista conhecido como Daityas. Vênus é considerado um planeta muito misericordioso, já que facilitava a reforma dos Daityas. Neste contexto, ele é conhecido como o originador das escrituras - tendo nas mãos uma pena e um canudo (manuscritos). Não duvide de que Vênus (Shukra) seja um planeta benéfico, muito embora seja o professor dos materialistas. B. V. Raman consubstanciou este fato para nós, os ocidentais, na sua tradução do "Bhavartna-Ratnakara", quando menciona que Parashara teria apontado "Daitya Guru Shubha" (Vênus) como benéfico. E no "Notable Horoscopes", o Dr. Raman diz que Vênus é um planeta devocional e emocional.

Como mestre espiritual e professor, Vénus é também um grande brâmane. Portanto, de forma semelhante a Júpiter, Vênus pode reforçar os carmas profissionais, de aconselhamento e de magistério, num mapa. Na verdade, o apelo mais marcante de Vênus é o sensual. Mas se os carmas acima estiverem presentes, então eles poderão se manifestar e ser fortalecidos por Vênus, nos períodos venusianos. E não apenas carmas ligados à sensualidade, mas também prazeres, confortos e coisas refinadas são do domínio deste planeta. Vênus gosta de se cercar destas coisas: conforto, luxo, mobília, beleza, harmonia, poesia, palco, arte, dança, musica, sedas, prata, diamantes, roupas finas, incenso e perfumes.

Assim como todos os tipos de confortos pertencem a Vênus, este planeta também representa os veículos. É por isso que Vênus também tem o título de Vahana-karaka, ou indicador natural de veículos.

Os licores e as intoxicações de todos os tipos também são do domínio de Vênus. Sua combinação com Saturno frequentemente ocasiona intoxicação, como quando se consome marijuana, álcool ou heroína. Mas ainda assim, é Vênus o principal planeta relacionado as intoxicações.

As vacas são representadas por Vênus. Em todas as literaturas clássicas, as vacas correspondem a Vênus. Porém o leite é uma indicação essencialmente lunar.

Provavelmente as indicações mais famosas de Vênus são o amor, o sexo e o casamento, da mesma forma que na astrologia Ocidental. A sétima é a casa do casamento e do sexo em geral, segundo seu nome atesta, kama-sthan (lugar de amor ou de luxuria). A natureza da vida sexual do nativo, quando se manifestará na sua vida, o casamento e a própria natureza do cônjuge devem ser julgados a partir de Vênus.

Além disso, a quinta casa indica os namoros e relacionamentos amorosos juvenis, ao passo que a décima-segunda trata muito mais do sexo como prazeres sexuais. Vênus não é, claro, o mesmo que Cupido, que é uma entidade separada. No esquema védico, refere-se ao Cupido como Kamadev (deus do amor).
 

SATURNO

O último dos sete "planetas" mais importantes é Saturno, assim como seu dia, Sábado, é o ultimo da semana. Um dos nomes sânscritos para Saturno é Surya-putra, já que ele é filho de Surya, o deus Sol, e de Chaya, a sombra. Aparentemente, Saturno recebeu da mãe a escuridão, já que a sombra é indicada por ele. Assim, ele acompanha temas tais como ocultismo, misticismo, segredos ocultos e o desconhecido, todos estando sob o seu domínio.

Outro nome de Saturno é Shanaish-char (aquele que se move devagar). Na verdade, nos Puranas se atribui sua lentidão ao fato de ser aleijado. Isto, porque seu pé foi cortado, a altura do tornozelo, por Rávana, o inimigo de Rama. Dizem que em determinada época Rávana reuniu todos os planetas na décima-primeira casa, onde poderiam produzir bons resultados. Mas, para atrapalhar os planos de Rávana, Satumo se moveu para a casa das perdas, num momento crucial, e por esta razáo Rávana lhe atirou o disco, aleijando-o.

Esta anedota purânica é instrutiva, pois confirma que não apenas Saturno é lento, mas que também é um planeta que coloca obstáculos. Na astrologia de predições, sabe-se que os impedimentos ocultos são causados por Saturno.

A lentidão de Saturno mostra outra das suas principais indicações: o tempo. Saturno produz resultados vagarosos, quase sempre depois de uma longa espera, porque é o planeta do tempo. O conceito expresso no ditado comum de que "o tempo está do seu lado" é, com certeza, saturnino. Precisa-se ter um Saturno forte no mapa para se auferirem benefícios da espera, da paciência e da passagem do tempo. E a estória da tartaruga e da lebre corroboram o tema saturnino.

Quaisquer instrumentos que meçam o tempo também são saturninos, por natureza. Os relógios de Sol são notoriamente de Saturno, porque eles dão as horas através do Sol e da sombra, dois dos principais temas deste planeta.

A astrologia é saturnina, da mesma forma, pois envolve o elemento tempo. Ela é basicamente uma questão de avaliação do tempo para a eclosão de reações cármicas pela abstração feita através dos símbolos astronômicos. Já mencionamos que Mercúrio é o planeta da inteligência abstrata e que ele é, portanto, o principal planeta associado á astrologia. Mas qualquer indicação mercurial num mapa teria que ser "beijada" pela influencia de Saturno (isto é, por signo de ocupação, por aspecto, etc.) para que a astrologia possa se manifestar. Assim, o misticismo que envolva tempo deve ser obtido de Saturno.

De certa forma, Saturno é supremo entre os planetas precisamente porque ele representa o tempo e o tempo é um assunto do Deus Supremo. O tempo é a finalidade. É a coisa mais certa do mundo, é a ultima palavra. Já mencionamos Sri Krishna no "Bhagavad-Gita" (11:32), onde o Abençoado Senhor diz: "Eu Sou o Tempo, o grande destruidor dos mundos, e aqui vim para Me comprometer com todas as pessoas". Saturno indica a vontade do Supremo porque ele também é indicativo do Tempo, trabalho do Divino. Por esta razão, Saturno é chamado de Adrishta ou invisível, por causa dos efeitos do tempo, que por serem tão sutis normalmente passam despercebidos.

Saturno também recebeu o título de Ayush-karaka, ou planeta indicador da morte. Na realidade, ayush significa alento, respiração. A cultura Védica formou o conceito de que a longevidade pode ser medida pela quantidade de inspirações que se toma na vida. Então, como Saturno é o planeta do tempo e das inspirações, ele também é o indicador natural da longevidade. Talvez seja por isso que Saturno dirija um abutre. Desnecessário dizer que os cemitérios e crematórios correspondem ao astro dos anéis.

E assim como a morte é saturnina, as doenças também o são. Saturno é o karaka delas. Especificamente, as enfermidades causadas pela depressáo e pela preocupação, tais como as úlceras, câncer
e as doenças prolongadas são todas saturninas. A enfermidade e a astrologia médica são praticamente um estudo analógico de vários indicadores, como a sexta casa (das doenças), o Ascendente, o regente do Ascendente e a oitava casa. Mas saiba que o karaka das doenças é Saturno e que as indicações de doenças ou de má saúde se manifestarão nos seus períodos e subperíodos planetários.

Mas não são só as doenças e a morte que correspondem a Saturno, como também o período da vida no qual elas normalmente ocorrem - a velhice. Saturno, da mesma forma que as últimas casas de um mapa, indica a segunda metade da vida do nativo.

Uma vez que Saturno representa carmas absolutos e temidos como o tempo, doenças e morte, é obvio que ele não é um planeta gentil, um benéfico como Vênus ou a Lua, ambas sendo normalmente descritas como "suaves". A menos que sublimado de alguma forma, Saturno e um planeta ríspido por natureza. No seu livro "300 Important Combinations", B. V. Raman descreve este planeta como "mau, cruel, indigno e pecador". Ríspido, caustico e frio são outros adjetivos que descrevem bem a sua natureza básica.

Isto é um pouco diferente do jeito pelo qual Saturno é descrito na astrologia Ocidental. Nela, Saturno é associado com a piedade, com a era de Aquário e o socialismo que beneficia as massas, e tudo isso é verdadeiro quando Saturno se encontra num local favorável. Um Saturno sublimado dá ao nativo um elemento de disciplina e o toma serio. Saturno ajuda a pessoa a estabelecer parâmetros, a canalizar energias e a permanecer nos trilhos. Um tal Saturno pode tornar o nativo um auditor ou uma pessoa que exerce vigilância sobre as outras, ou até mesmo um tipo de reforço da lei, como um policial, por exemplo. Mas os dados específicos dependem das outras combinações planetárias. Quando Saturno está favorecido, sua rigidez se manifesta de forma produtiva, e a pessoa pode se tornar um administrador minucioso. Por exemplo, o nativo pode trabalhar como um contramestre entre os operários, pois Saturno representa a classe operária dos homens, para começar. Então quando ele está favorável num mapa, a pessoa pode ocupar um status mais elevado entre os trabalhadores, ou se beneficiar de alguma forma do trabalho braçal. E a teimosia de Saturno se transforma em determinação

Mas, muito frequentemente, Saturno age como um precursor do carma desfavorável do passado, cujas reações nos visitam na existência atual. Este tipo de influência (cármica) de Saturno num mapa faz com que o nativo seja subjugado, que acabe em posições subservientes e que fique dependente dos outros. As situações no emprego, nas quais o indivíduo mal se sustenta, são indicativas destas influências. Limitações e restrições são tragos típicos de Saturno. Como um exemplo extremo, as cadeias e penitenciárias são impostas por Saturno. A pobreza e a necessidade também são saturninas, assim como os mendigos.

Outro traço básico de Saturno nos é dado pelo seu titulo Dukha-karaka, ou planeta indicador das tristezas. Na verdade, a tristeza existe em vários graus de intensidade, seja chamada de melancolia, abatimento, mágoa, aflição ou depressão: São todas indicadas por Saturno.

Saturno também provoca humores sérios e sombrios. Talvez seja por isso que Saturno é um planeta tão filosófico. Na verdade, ser triste e filosófico são praticamente a mesma coisa; e apenas uma questão de intensidade. Quando uma pessoa experimenta os humores expansivos e felizes de Júpiter, por exemplo, não está exatamente sendo filosófico. Mas quando ela experimenta a tristeza, tende a se tornar mais filosófica acerca da vida.

O que nos leva a questão do Vairagya, ou o humor da renúncia. J. N. Basin utilizou adequadamente o termo "falta de paixao" para expressar o humor Vairagya dado por Saturno. O despojamento e a aparência filosófica causados pelo impacto de Saturno nos levam a renuncia. Mesmo que Júpiter envolva a pessoa na religiosidade e nos ganhos materiais, noutras palavras, a religião com a idéia de "nos dar o pão de cada dia", e o humor saturnino que praticamente levanta a ancora do prazer material e facilita a auto-realização. Assim, para um progresso real na vida espiritual, Saturno tem que ser sublimado por algum tipo de influencia religiosa, por exemplo, a ocupação de um signo religioso, como Peixes, ou de uma casa religiosa, como a Dharma-sthan (nona).

De volta a uma abordagem mais prosaica, nenhuma análise de Saturno estaná completa sem o reconhecimento de que a agricultura é outra das principais indicações dele. Como pode um planeta que indica a morte também indicar o crescimento e a vida? Qual a razão astrológica para isso? Bem, lembre-se de que um dos traços mais marcantes de Saturno é a lentidão. Uma qualidade intrínseca da vida de qualquer tipo de planta e o crescimento lento. E a agricultura requer uma grande quantidade de trabalho braçal. E trabalho braçal também é uma qualidade saturnina, não é em absoluto jupiteriana, pois se fosse seus resultados se encaixariam com pouco esforço, como por exemplo os lucros de um investimento. Mas no caso da agricultura, a pessoa se senta e espera pelos lucros do investimento, tendo que trabalhar duro para eventualmente poder fazer a colheita de um campo. Por ultimo, lembre-se de que Saturno é um planeta da sombra, da escuridão e das coisas ocultas. A vida de todas as plantas pode ser basicamente definida como sustentada pelas raízes na terra. Noutras palavras, num lugar escuro, escondido. Seguindo esta mesma lógica, o cabelo e os dentes são representados por Saturno. De qualquer forma, por meio da natureza específica do planeta Saturno e das idiossincrasias básicas da agricultura, é astro "lógico" e aparente que o planeta associado a agricultura não poderia ser outro.

E uma vez que os lugares ocultos e escuros são saturninos, o leitor deveria saber que os túneis, interiores, cavernas, minas e indústrias extratoras de minérios em geral ficam sob a égide de Saturno. Não apenas as raízes! A indústria petroleira, por exemplo, é saturnina, especialmente se nos lembrarmos que a cor representada por Saturno é a preta. E também a indústria de carvão.

Já mencionamos que o trabalho braçal corresponde a Saturno. Mas ele merece que enfatizemos que a classe trabalhadora, ou operaria, assim como os pobres, as massas, os criados e a casta sudra da Índia são representados por Saturno. Por exemplo, os operários da indústria, da agricultura, os escravos, os sindicatos, os caseiros, pedreiros e operários de construções de todos os tipos são filhos de Saturno. Já que o ferro e o aço são os metais saturninos, a indústria do aço e seus trabalhadores também ficam representados por Saturno. (O chumbo também..

Assim, Saturno é um dos planetas principais, que trata de aspectos inegáveis da vida, tais como trabalho, velhice, doenças, tempo e a própria morte. Nada é periférico com Saturno.

Rahu-Ketu:

Mas além dos sete planetas principais, a astrologia védica leva em consideração os nódulos lunares norte e sul, conhecidos em sânscrito como o eixo Rahu-Ketu. Eles são chamados de Cabeça do Dragão e Cauda do Dragão na astrologia Ocidental. Na terminologia científica, eles são conhecidos como os nódulos magnéticos da Lua. Eles não tem, na verdade, nenhum corpo físico ou forma, como os outros planetas, mas existem como pontos de influencia magnética, que os sábios védicos perceberam que influenciavam a vida humana. Sua existência era conhecida até pelos índios maias do Iucatán e da América Central, que se utilizavam deles para calcular os eclipses do Sol e da Lua, como os astrônomos modernos.

Aqui, talvez seja apropriado mencionarmos que a astrologia védica não leva em consideração os planetas externos Urano, Netuno e Plutão. O que não significa que eles fossem desconhecidos aos sábios védicos. Afinal, estes eram definitivamente conscientes dos nódulos magnéticos, que nem sequer têm forma física, o que dizer daqueles gigantes gasosos! E lembre-se de que o conhecimento disponível aos sábios védicos não era apenas empírico; a fonte de seu conhecimento era a introspecção. Suas vidas eram guiadas pela Super-Alma, a Quem eles eram receptivos por causa da sua pureza.

Entretanto, parece que os sábios não acharam que a influencia daqueles planetas fosse suficientemente significativa para que fossem incluídos no esquema astrológico das coisas. Algumas coisas só podem ser entendidas através da sucessão por discípulos, uma vez que não podem ser prontamente percebidas pelos meios empíricos. Não sabemos exatamente por que os sábios não incluíram os planetas exteriores no seu esquema astrológico; não sabemos que razões tiveram, então. Entretanto, os sábios védicos não poderiam explicar fenômenos planetários relacionados a planetas que não pudessem ser percebidos pelo homem comum nem questionados por ele. O que eles teriam dito às pessoas daquela época, quando os telescópios e a tecnologia moderna ainda não tinham tornado aqueles orbes visíveis? "Gostaríamos que soubessem que existem certos planetas que vocês não podem ver e nós não vamos lhes dizer nada sobre eles, de qualquer forma, porque eles não tem nada a ver com o esquema astrológico das coisas?" Assim, não temos nenhum registro de comentários feitos por nenhum dos sábios acerca dos planetas exteriores, embora muito do conhecimento védico tenha se perdido. Mas não se pode dizer, tampouco, que aquele conhecimento não existiu.

Se fôssemos especular sobre as possíveis explicações lógicas, poderíamos simplesmente chegar à conclusão de que aqueles planetas estão longe demais para exercer qualquer influência. Existe uma barreira invisível em torno do "sistema solar", mencionada na literature védica como Loka-loka. É basicamente demarcada pela órbita de Saturno. Os planetas dentro da Loka-loka foram percebidos como iluminados, os de fora não tanto. Talvez isso explique sue exclusão do esquema da astrologia védica.

No caso de Plutão, até poderia ser porque este planeta é simplesmente muito pequeno para produzir qualquer efeito. Os astrônomos modernos nos informam que Plutão tem apenas algumas centenas de quilômetros de diâmetro, do tamanho de muitos dos asteróides. Existe, inclusive, uma agitação na comunidade astronômica para tirar dele o status de planeta, primeiramente por esta razão. [Isto foi feito em 2006] E ele está tão distante! Assim, poderia influenciar a vida humana como um planetas? O problema é que, quando saímos dos limites do conhecimento que nos foi passado pelos sábios, ficamos sujeitos ao erro, por causa da natureza imperfeita dos processos empíricos, como a nossa própria percepção. Os sábios nos deixaram um sistema muito funcional de astrologia, então por que modificá-lo?

De qualquer forma, a Cabeça do Dragão e a Cauda do Dragão (Rahu e Ketu, respectivamente) foram levados em consideração pelos sábios védicos, portanto, vamos considerá-los agora, também. Existem dues expressões védicas que explicam a natureza básica destes dois "planetas", que foram popularizados pelo Dr. Raman: Shanivad Rahu, que significa que Rahu corresponde à natureza básica de Saturno, e Kujavad Ketu, que quer dizer que Ketu segue a natureza básica de Marte. Assim, da mesma forma que Saturno é um planeta de natureza melancólica e cáustica, Rahu também o é. E como Marte, Ketu também possui qualidades energéticas, aguerridas e explosivas.

Outro traço principal destes dois planetas é o exagero. Eles aumentam e exageram as indicações dos signos que ocupam, dos planetas com os quais se associam, cases e constelações que os cercam. A forma pela qual os nódulos agem sobre a mente é muito ilustrativo deste traço. O estado mental normal é calmo, equilibrado e, certamente, sem medo. Mas quando Rahu e Ketu influenciam fortemente a Lua (a karaka da mente), o fanatismo, as fobias, a paranóia e a histeria são normalmente observados. E como o movimento normal de ambos é retrógrado, é interessante verificar que eles representam coisas opostas e diferentes às normais. Por exemplo, Rahu é o planeta da revolta e da revolução. A revolução é certamente o oposto do estado normal das coisas.

Outro exemplo seria a altura. Quando Rahu e Ketu estão favoráveis num mapa, o nativo terá bom carma com relação as alturas. Esta pessoa não temerá as alturas e poderá inclusive trabalhar como limpador de janelas de arranha-céus ou para-quedista. É claro, a maioria das pessoas não se torna limpador de janelas. Mas o caso é que uma pessoa com Rahu e Ketu bons (não obstante uma Lua aflita) lidaria com as alturas muito bem, ao passo que outra pessoa com um Rahu aflito normalmente terá problemas com as alturas. Este é outro exemplo de como Rahu e Ketu têm um efeito oposto ao normal.

No capítulo 34 do "Birhat Parashara Hora Shastra", verso 16, Maharishi Parashara descreve um traço muito importante de Rahu e Ketu, que provavelmente tem o maior impacto de todos - nós podemos chamar a este traço "fator reflexivo". Lá, o sábio declara que Rahu e Ketu produzem predominantemente os efeitos devidos à conjunção com o regente da casa ou devidos a casa que ocupam.

Isso é muito importante porque eles são chaya grahas, planetas de sombra. Por definição, uma sombra reflete a realidade de outra sombra, embora não seja uma duplicação perfeita. Assim, sendo Rahu e Ketu "planetas de sombra", segundo o Maharishi, eles refletirão "predominantemente" os resultados de outras influências.

Esta natureza reflexiva dos nódulos, além de ser mencionada por Parashara, é corroborada nas histórias dos Puranas. No meio da estória, os semideuses se retiram para a assembléia de Indra para tomar o néctar da imortalidade, depois de terem-no colhido na montanha Mandara, de onde o néctar vinha.

Naquela ocasião, o Daitya Rahu se disfarçou como um dos semideuses e tomou um golinho do néctar. Descoberto pelo Sol e a Lua, foi entregue como espião a Vishnu. Para puni-lo, cortou sua cabeça com Seu disco. Mas como Rahu tinha tomado um pouco do néctar, seu corpo continuou vivo, embora sem cabeça. E esta parte do corpo de Rahu orou e ofereceu um sacrifício a Vishnu -- Ele o recompensou com uma cabeça de serpente e um rosto vermelho.

Na verdade, existem inúmeras lições nesta estória. Primeiro, tanto Rahu como Ketu têm naturezas de répteis. Ketu até mesmo tem a cabeça de réptil. Portanto, os comentários que tecemos anteriormente acerca dos carmas fortes em relação as coisas representa¬das por Rahu e Ketu são verdadeiros neste sentido, também. Quando o eixo Rahu-Ketu está aflito num mapa, ou influencia o Sol ou a Lua, então o nativo tem medo de cobras e répteis. Ao contrário, quando Rahu e Ketu estão bem situados no mapa, a pessoa parece ter uma simpatia natural pelos répteis. Por exemplo, este nativo não temerá cobras nem terá experiências desfavoráveis com elas.

Outra lição a ser aprendida desta história é que Rahu e Ketu são inimigos do Sol e da Lua. Sua influência sobre os luminares nunca é favorável, podendo resultar em estados emocionais anormais, tais como a paranóia, preocupações e fanatismo, conforme já mencionamos.

O que pode ser mais significativo é o fato de que, estando na assembléia dos deuses, Rahu atuava como um deles. Noutras palavras, ele praticamente tomou a aparência deles porque refletiu o que o cercava. Na astrologia de predições, também, Rahu e Ketu agem de forma semelhante e refletem a influência exercida pelos regentes dos signos onde se encontram, as associações e até mesmo os aspectos que eventualmente recebam. Esta é a importância do verso acima.

Ao mesmo tempo, deve-se também lembrar que eles ainda produzem seus próprios resultados, independentemente da sua natureza reflexiva. Isso tudo corrobora o que foi dito no verso de Parashara Muni, porque o rishi simplesmente declarou que os nódulos têm uma natureza "predominantemente" reflexiva. Ele não disse que os nódulos eram camaleões nem médiuns transparentes em tudo. Ao mesmo tempo, através da sua própria natureza, eles produzem seus próprios resultados, isto é, de acordo com suas naturezas, conforme já mencionamos.

Esta charada tem alguma coisa a ver com quanto e de quem. Noutras palavras, quando vários fatores influenciam Rahu e Ketu, qual deles se impõe mais fortemente? E até que ponto Rahu e Ketu produzem resultados próprios? Estes podem ser subjugados ou se manifestam, tornando o "fator reflexivo" secundário?

A experiência demonstra que os nódulos, primeiramente, produzem os resultados do regente do signo onde estão e por cima dos resultados das associações e dos aspectos que possam receber. E isto acontece basicamente porque os resultados refletidos não contradizem suas indicações básicas, em termos da natureza intrínseca dos dois, a casa e o signo onde se situam.

 

Amizades Planetarias

A Qual Considera Como Amigo

A Qual Considera Como Inimigo

A Qual Considera Como Neutral

Sol

Júpiter, Marte, Luna

Saturno, Vênus, Rahu, Ketu

Mercúrio

Lua

Sol, Mercúrio

Rahu, Ketu

Saturno, Vênus, Júpiter, Marte

Marte

Lua, Júpiter, Sol

Mercúrio

Saturno, Vênus

Mercúrio

Rahu, Vênus, Sol

Lua

Júpiter, Marte, Saturno

Júpiter

Sol, Marte, Lua

Mercúrio, Vênus

Saturno

Vênus

Mercúrio, Saturno, Rahu

Sol, Lua

Júpiter, Marte

Saturno

Vênus, Mercúrio, Rahu

Sol, Marte, Lua

Júpiter

  

Planeta

Grão/Cereal

Sol

Trigo