Os Vedas e A Terra Oca

Um tema controverso que começou a ser discutido mais profundamente no século XIX, a teoria da Terra Oca mantém relações com a milenar cultura védica.

A cultura Védica mantém-se dentro da Terra Oca. No Shree Ramayana, temos duas cenas que sugerem a existência de áreas internas na Terra. Depois que Shrimati Sitadevi foi raptado por Ravanna, Shree Lakshman jurou a Rama que perseguiria o vilão, mesmo que tivesse de caçá-lo nos 'vazios escuros da Terra'. No capítulo 8 do Kishkindya, Rama demonstra sua habilidade a Sugriva, disparando uma flecha que 'perfurou e atravessou sete palmos, uma pedra e a região mais interna do planeta, para um minuto depois estar de volta à aljava'.

O primeiro comentário de Lakshman não chega a ser tão revelador, pois sabe-se que imensas cavernas e vazios existem dentro da Terra. Abaixo do meio-oeste dos EUA, por exemplo, há um grande aqüífero que percorre o subterrâneo de vários estados . O segundo comentário, porém, parece sugerir que dentro da Terra, em vez de rocha maciça, há algum tipo de espaço interno.
Os Puranas nos dizem que, ao fim do Kali Yuga, o avatar Kalki nascerá em meio às melhores famílias de Shamballa, e que ele aniquilará os maus de toda a superfície da Terra. A versão geral dos Puranas prossegue afirmando que homens despontarão na superfície, vindos de baixo, para recolonizar e para reiniciar a cultura védica.

Primeiramente, esses homens teriam mesmo de recomeçar o ciclo do zero, pois ao fim do Kali Yuga não poderia haver uma cidade propriamente dita e nem famílias brâmanes. Seria simplesmente incoerente com a etapa final do Kali Yuga. O Bhagavatam diz que, ao fim do Kali Yuga, um homem de 15 anos será considerado muito velho e os seres humanos praticamente não terão memória ou inteligência, terão estatura de anão e vagarão em bandos, como animais. Em tal cenário, qual a viabilidade de uma cidade chamada Shamballa, ou de comunidades brâmanes?

Cidades na Terra Oca
Na memória coletiva tibetana, por outro lado, destacam-se os nomes das cidades de Shamballa e de Shangrilá. De acordo com o saber tibetano, são cidades importantes na parte oca da Terra. Supõe-se que haja entradas no Tibete que conduzam para baixo até elas, e que os budistas tibetanos façam peregrinações anuais.
Acrescente-se a isso o testemunho de Olaf Jansen. Ele era um adolescente norueguês que saiu com seu pai em uma expedição de pesca, na década de 1820. Partiram no veleiro da família para Spitzenburg, uma ilha ao norte da Groenlândia. Depois de se reabastecerem de provisões no litoral norte da ilha, rumaram para áreas boas para pesca. Porém, o pai estava possuído pelo desejo de ir ainda mais ao norte, para as cálidas terras das lendas escandinavas, e garantiu ao rapaz que eles seriam protegidos por Thor (Júpiter, como em Thursday, o dia de Thor ou Júpiter, assim como Friday é o dia de Frygga ou Vênus) e outros deuses escandinavos. Mesmo havendo algo de irresponsável em assumir um risco desses levando um garoto, lá se foram eles rumo ao norte.

Eles não tardaram a encontrar blocos de gelo e tiveram de manobrar cuidadosamente para ultrapassá-los. Segundo Olaf, bastaria que o barco fosse ligeiramente maior para que não pudesse passar entre os icebergs. Depois de um mês de delicadas manobras, o gelo desapareceu e eles viram-se maravilhados em meio ao mar aberto, a poucos graus (de latitude) do pólo norte. Isso não corresponde à nossa idéia típica de áreas polares, que imaginamos como cobertas por uma sólida banquisa. Mas, na verdade, praticamente todos os exploradores polares do passado relataram sobre águas abertas próximas dos pólos e sobre um fenômeno chamado 'aquecimento polar'. Tal efeito ocorre quando ar mais quente, do interior do planeta, é expelido por aberturas próximas aos pólos. Em todo caso, pai e filho continuaram a jornada por mar aberto durante várias semanas.

Descobrindo a Entrada
Enquanto prosseguiam para o norte, eles naturalmente ficavam de olho no sol, que em sua trajetória equatorial estava atrás deles e baixo no horizonte. A essa altura eles fizeram um avistamento incomum, que também tinha sido feito por dois dos mais notáveis exploradores que já desbravaram o Ártico: tenente Adolphus Washington Greely (1844 - 1935) e Fridtjof Nansen (1861 - 1930). As expedições foram de tal modo valorizadas que Greely acabou sendo promovido a general de exército nos EUA e Nansen foi sagrado cavaleiro pela coroa norueguesa.

O que Olaf e o pai avistaram de fato foi um outro sol, alternativo, brilhando à frente deles. O disco solar era menor e sua cor marcadamente avermelhada em relação ao nosso sol, mas estava lá. Eles velejaram na direção do sol alternativo; à medida que a proa do barco começou a abaixar, seguindo a curva da abertura polar, o sol alternativo ergueu-se no céu e permaneceu visível durante a passagem pela abertura. Correspondentemente, o sol maior, visível da superfície, saiu de vista baixando permanentemente no horizonte. Os exploradores árticos Greely e Nansen não chegaram a ter essa experiência, pois não prosseguiram ao interior da entrada. Aparentemente, as embarcações deles inclinaram-se, ao tangenciarem a borda da entrada, que lembra uma tigela, e prosseguiram, aprumando-se novamente. Conseqüentemente, há aqueles que avaliam o sol desses exploradores como um reflexo ou miragem. Porém, à medida que Olaf e o pai seguiam por uma rota para dentro do planeta, o sol alternativo tornou-se claramente visível e assim ficou.
Ao avançarem mais, depararam-se com o litoral de um continente e seguiram a linha da costa. Eles notaram árvores imensas e mamutes duas vezes maiores que elefantes. A certa altura, cruzaram o caminho com o que Olaf descreveu como um navio gigante, maior do que qualquer um que ele pudesse imaginar. O navio pareceu um barco de cruzeiro ou de turismo, pois os conveses estavam repletos de gente cantando alegremente. Os dois viajantes foram encontrados por ocupantes do navio e levados a bordo. E viram-se na companhia de humanos de estatura gigantesca, com o mais baixo tendo uns três metros e meio.

Cultura Védica
Olaf e o pai foram recebidos com hospitalidade na Terra Oca. Excursionaram pelos reinos de Shamballa Menor e Shamballa Maior. O veleiro deles foi levado de cidade em cidade e exibido como objeto de curiosidade e de admiração: um barco anão de homens pequeninos, que veio da superfície para parar lá.

Mas, o que Olaf relatou de interessante que se relaciona com o que a cultura védica diz acerca da Terra Oca? Bem, já sabemos que Olaf descreveu seres humanos com pelo menos três metros e meio de altura. Relatou, entre outras coisas, que desfrutavam de uma expectativa de vida de cerca de 800 anos, tinham memória fotográfica e grande inteligência, que falavam sânscrito ou um derivado próximo, usavam marcas cerimoniais na testa (tilaks), eram de um tipo norte-europeu de raça, oravam ao sol interno e veneravam um panteão de deuses muito similar ao do hinduísmo. (Lembre-se de que Olaf era bem jovem na época e, além das dificuldades de comunicação com eles, não poderia absorver tudo.) Ele relatou que todas as flores tinham fragrâncias tremendas e que as frutas eram mais saborosas que as da superfície. Para qualquer um familiarizado com as descrições nos Purana acerca da humanidade de antes do advento do Kali Yuga, está tudo aí.

O Bhagavat nos diz que o Kali Yuga foi introduzido como conseqüência de Kala, o tempo. A palavra Kala também tem sido usada como sinônimo de influência planetária na literatura astrológica védica. Aparentemente, os alinhamentos dos planetas mudaram para causar este Yuga. Por exemplo, há shastras Jyoti muito antigos, que aludem a escritos védicos que descrevem alinhamentos que não são mais observados nesta altura do Kali Yuga.

Supondo-se que influências planetárias sejam responsáveis por trazer o Kali Yuga para aqueles na superfície que são abertamente expostos a essas influências, segue-se, tão naturalmente como a noite segue o dia, que aqueles que vivem na parte oca da Terra estão protegidos dessas influências. Assim, seus padrões de corpo, mente e inteligência não se deterioraram, ou pelo menos não tanto quanto os nossos na superfície. Afinal, estamos com 5.000 anos de Kali Yuga, não 50.000 ou 100.000, e aparentemente a crosta e as várias camadas da Terra serviram de abrigo.

Pode ser essa a situação? Pode uma antiga irmandade védica, com nossos irmãos no interior da Terra, ter desaparecido de nossa memória coletiva? Sabendo que não havia nada que pudesse ser feito, teria o outro lado da equação vedas-Terra se distanciado de nós para assistir passivamente ao desenrolar dos inevitáveis efeitos do Kali Yuga? Platão fez um comentário que implica que os egípcios fecharam as portas e retiraram-se para as esferas mais internas da Terra. Os egípcios originais na verdade eram Aditianos, seguidores ou descendentes de Aditi. Era isso que Platão queria dizer?

Dean Dominic De Lucia

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